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Economia

Kwanza continua a cair e vai deslizar pelo menos até aos 560 Kz por dólar

COMEÇOU NA PASSADA SEXTA-FEIRA, DIA 12 DE MAIO

Esta é a opinião dos banqueiros e de uma fonte do BNA ouvidos pelo Expansão, que garantem que este é um equilíbrio natural do mercado, uma vez que na plataforma Blomberg, onde se processam as compras de divisas, as ofertas de compra dos bancos comerciais já estão perto desse nível há vários dias.

A desvalorização do Kwanza, que começou a reflectir-se na taxa do BNA na passada sexta-feira, chegará pelo menos até um valor próximo dos 560 Kz por dólar nos próximos dias. Uma fonte do BNA explicou ao Expansão que o banco central só vai intervir, colocando divisas no mercado através de leilão, se houver uma situação de pânico, considerando que uma descida até ao valor referenciado acima é considerado um ajuste normal do mercado. "O BNA intervém quando percebe que existe uma situação pontual, que será recuperada a curto prazo, o que não é o caso actual. Se interviesse esta semana para segurar o kwanza, nesta conjuntura, tinha depois de repetir na próxima e na próxima, porque não iria alterar o curso do que está a acontecer. O banco central só vai para o mercado com divisas se houver uma situação de pânico", explicou uma fonte do BNA que preferiu manter-se no anonimato.

Acrescentou que o BNA tem uma estratégia de manter um valor mínimo das reservas e não a vai alterar porque tem uma leitura que esta volatilidade da moeda nacional não é temporária, mas mais longa. Para se ter uma ideia do que está a acontecer, numa semana, em seis dias, de 11 para 17 de maio, o preço oficial do dólar no BNA passou de 507,72 Kz para 536,8 Kz, um aumento de quase 6%.

O Expansão também apurou junto do ministério das Finanças que o Tesouro também não tem qualquer intervenção programada, uma vez que as disponibilidades cambiais neste mês de Maio serão encaminhadas para o pagamento de compromissos que o País tem, nomeadamente alguns factos extraordinários como as prestações do empréstimo do FMI e dos pagamentos da dívida que tinham sido suspensos em tempo de Covid por parte dos países do G 20.

Percebe-se por isso que as duas instituições assumem que nesta altura o melhor para a moeda nacional é mesmo ajustar- se, que em termos práticos significa uma desvalorização até aos 560 kz por dólar. "Na verdade parece-nos ser esse um valor adequado", disseram ao Expansão quase todos os que foram ouvidos nesta reportagem.

Um dos banqueiros mais importantes do País explicou também que hoje as transações na plataforma Blomberg, onde se façam as compras e vendas de divisas, já existe uma diferença importante entre a taxa oficial do BNA e a maioria das transacções que são realizadas. Na última quarta-feira, grande parte das propostas de compra na plataforma Blomberg estava acima dos 550 USD, sendo que houve um banco que ofereceu 580 Kz.

O Expansão confirmou junto de alguns bancos, que nos últimos dias o BNA tem telefonado para os responsáveis destas instituições sempre que as ofertas de compra são mais altas, lembrando que a especulação pode ser penalizada de acordo com o decreto em vigor, inclusive quem faz o pedido pode ser responsabilizado criminalmente.

Esta pressão que alguns consideram inaceitável porque impedem o mercado de funcional livremente é explicada por fonte do BNA porque "nesta altura temos que evitar comportamentos especulativos por parte dos bancos. Recordo que no início de cada sessão os bancos assinalam os valores que estão dispostos a comprar e as divisas, sendo que sempre que existe uma ordem fora de um intervalo considerado aceitável, o sistema lança um alerta, é por isso que entramos em contacto com os bancos que são responsáveis por essa acção".

Razões objectivas

Na base desta desvalorização da moeda nacional está na escassez de cambiais, as receitas baixaram 20% no último trimestre mas as necessidades de importação continuam a aumentar. E isso acontece fundamentalmente por duas razões, não existe verdadeiramente diversidade na nossa economia e o País continua a ter que importar quase tudo, nomeadamente produtos alimentares básicos que podia produzir internamente, mas também porque está habituado a determinados luxos e procedimentos que consomem um parte muito importante das divisas que o País consegue arrecadar. Por exemplo, o produto que consume mais divisas são os carros, o que parece um enorme contrassenso num País com as dificuldades e carências que o nosso tem.

(Leia o artigo integral na edição 724 do Expansão, desta sexta-feira, dia 19 de Maio de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)