Moeda nacional "estacionada" acima dos 820 kwanzas por dólar há um mês
Para travar a depreciação da moeda nacional,o banco central limitou a oferta de liquidez aos bancos e obrigou as petrolíferas e diamantíferas a deixarem de vender moeda estrangeira directamente aos grandes bancos.
O Kwanza quebrou o ritmo acelerado de depreciação face à moeda norte-americana, tendo sido negociado a uma taxa média de câmbio que gira à volta dos 820 Kz por dólar há um mês.
O BNA aponta que nesta quarta-feira, uma nota de 1 dólar de estava a ser negociado a uma taxa média de 825 Kz, o que representa uma ligeira depreciação de 0,3% no espaço de um mês. Quanto ao euro, apreciou 0,3% quando comparado aos 901 Kz desta quarta-feira face os 903,8 kz negociado no mês passado, que mostra, de facto, que a moeda nacional está praticamente "estacionada".
Ainda assim, face a 11 de Maio, período em que o kwanza começou o ciclo de depreciação, a moeda nacional depreciou 39% face dólar e ao euro. Se considerarmos o período em que o BNA começou a reforma cambial, a moeda nacional afundou 80%, tal como se explica no texto anterior.
Para travar a depreciação abrupta da moeda nacional o banco central limitou a oferta de liquidez aos bancos e obrigou as petrolíferas e diamantíferas a deixarem de vender moeda estrangeira directamente aos grandes bancos, passando a dispersar as divisas no mercado cambial, a norma entrou em vigor a 01 e Agosto, praticamente há duas semanas. A medida serve para assegurar maior transparência nas operações de venda de moeda estrangeira por parte das sociedades do sector petrolífero e diamantífero, que têm estado a interagir directamente com os grandes bancos, utilizando a plataforma Bloomberg FXGO simplesmente para fazer o registo, já que o Tesouro Nacional tem estado ausente desde Fevereiro.
É fundamental que o Kwanza possa voltar a equilibrar o seu valor cambial, sabe-se que este não é o valor real da moeda nacional, mas também ninguém espera que no curto e médio prazo possa voltar aos valores do início do ano. De acordo com a opinião de vários especialistas, a moeda nacional vai voltar a depreciar nos próximos meses.
"O mercado cambial está parado e não há transacções significativas. Quem tem as divisas, ou não tem necessidade de Kwanzas ou está a mostrar descontentamento com o actual estado de coisas e congelou a oferta. Mas quando voltar a assistir- -se a vendas, o câmbio vai voltar a depreciar", defende o economista Wilson Chimoco.
A consultora BMI da agência de rating Fitch Solutions também espera uma queda do kwanza nos próximos meses. A consultora norte-americana considera que a moeda angolana vai continuar a depreciar-se, chegando ao final do ano a valer cerca de mil kwanzas por dólar, uma depreciação de 17,5% face ao câmbio actual de 825,0 Kz. A BMI prevê também que no próximo ano o Kwanza venha a estabilizar à volta deste câmbio, devido a uma ligeira subida no preço mundial do petróleo e uma taxa mais baixa de queda da produção petrolífera.
"A forte exposição de Angola à volatilidade externa que afecta o sector petrolífero apresenta um risco de depreciar o Kwanza ainda mais do que as previsões", alertam os especialistas.
Leia o artigo integral na edição 738 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Agosto de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)