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Economia

País importa mais produtos do PRODESI do que no início do programa

IMPORTAÇÕES CRESCEM 34% PARA 2.179 MILHÕES USD EM 2024

O aumento das importações em 2024 revela que o programa criado para impulsionar a produção nacional está longe de cumprir os objectivos para os quais foi criado, já que Angola continua a importar, e em grandes quantidades, a maior parte dos bens alimentares que a população precisa.

As importações de mercadorias no âmbito do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), cresceram 34% para 2.179 milhões USD em 2024, o que significa que o País gastou mais 550,3 milhões USD face ao registado em 2023, de acordo com cálculos do Expansão com base nos dados da AGT. O País está hoje a importar mais quantidades e gasta mais dinheiro com importação de produtos da diversificação do que no início do programa.

O PRODESI foi criado em Julho de 2018, ainda demorou a arrancar, e só a partir de 2020 é que a Administração Geral Tributária (AGT) começou a compilar os dados sobre a importação e exportação de mercadorias que se enquadrem nos objectivos deste programa criado para aumentar a produção nacional.

Só para termos noção, em 2020, Angola importou 2.300.812 toneladas de produtos do PRODESI equivalentes a 1.831,7 milhões USD, o que significa que o País gastou em 2024 mais 347,2 milhões USD com importação destes produtos face a 2020. O nível mais alto de importação de produtos do PRODESI foi em 2022 quando o País gastou 2.444,8 milhões USD com importação de 2.118.245 de toneladas de bens e produtos, num período marcado pelas eleições, e em que o Tesouro Nacional aumentou a oferta de divisas no mercado cambial para facilitar o aumento das importações e o aumento da oferta de bens, que consequentemente pressionaram a descida dos preços.

Este aumento das importações dos produtos do PRODESI revela que o programa criado para impulsionar a produção nacional está longe de cumprir os objectivos para os quais foi criado, já que Angola continua a importar, e em grandes quantidades, a maior parte dos bens alimentares que a população precisa. Não é que a diversificação económica não esteja a acontecer, está, mas muito devagarinho e insuficiente para as necessidades que o País tem, onde impera uma alta de desemprego e de inflação com uma moeda nacional fortemente desvalorizada.

Assim, o crescimento das importações deve-se, sobretudo, à subida das importações de grão de trigo, de carne de frango, de arroz e de medicamentos, que são as mercadorias que lideram o ranking dos produtos mais importados. Estes três produtos são responsáveis por 66% do volume total das importações do PRODESI.

Os grãos de trigo, que passaram a integrar esta lista lideraram as importações em 2024, tendo sido importadas 445.554 toneladas, que custaram ao País cerca de 425,0 milhões USD. Já a carne de frango, que até 2023 foi o produto mais importado, custou ao País 316,8 milhões USD, uma vez que foram importadas 242.849 toneladas, mais 91.089 de toneladas em relação ao período homólogo.

Na terceira posição dos produtos está o arroz, cuja importação custou cerca de 295,6 milhões USD, mais 72,5 milhões USD em relação a 2023 (mas foram importados menos 5.124 toneladas), mesmo depois de ter sido agravada a taxa de importação de arroz no País na nova pauta aduaneira, com a justificação de que no País já se produzia arroz em quantidade suficiente para comercialização. Como os preços começaram a disparar, o Governo entregou por concurso quotas de importação de arroz, em que três empresas ficaram com 62,5% da importação deste alimento em 2024, nomeadamente, a Anseba, o Noble Group e a Angoalissar, o que potencializa uma situação de "cartel" que distorce a livre concorrência.

Não é que não haja produção de arroz no País, há, mas é ainda muito longe das necessidades já que apenas vale uma ínfima parte da quantidade que se consome. De acordo com a Associação Agropecuária de Angola (AAPA), o País precisa de produzir 1,2 milhões de toneladas de arroz anualmente para se tornar autossuficiente na produção deste cereal. Actualmente, a produção nacional deste cereal com grande peso na dieta dos cidadãos é de 40 mil toneladas. Assim, para Angola produzir 1,2 milhões de toneladas de arroz seriam necessários pelo menos 300 mil hectares e outras condições produtivas, que estão longe da realidade actual.

Leia o artigo integral na edição 810 do Expansão, de sexta-feira, dia 24 de Janeiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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