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Empresas & Mercados

Caminhos de Ferro de Luanda com menos passageiros e contas sempre no vermelho

EMPRESA PÚBLICA COM FRACOS RESULTADOS E A ACUMULAR PREJUÍZOS

Problemas de segurança têm solução mas implicam uma gestão mais assertiva e uma aproximação às comunidades que vivem ao longo da linha. É preciso fazer alguma coisa para alterar a situação da empresa e pôr a funcionar a linha dupla.

De acordo com os relatórios e contas do CFL, o número de passageiros transportados nos dois serviços (suburbano e interprovincial) tem vindo a cair desde 2017. Naquele ano, a empresa registou 209.440 passageiros contra os 88.179 em 2020, um ano atípico devido à pandemia. Em 2019, a empresa pública tinha transportado 174.837 passageiros.

Também os balanços financeiros são historicamente deficitários, com os prejuízos a aumentarem de ano-para-ano. Se 2020 pode ser colocado à parte, em 2017 a empresa registou um prejuízo de quase 40 milhões Kz, em 2019 os prejuízos resvalaram para os 298 milhões Kz. Em relação aos custos associados ao investimento na linha dupla, as pesquisas efectuadas pelo Expansão não permitiram chegar a um número concreto e não há registos públicos sobre os valores envolvidos.

Mesmo assim, desde 2010 que aparecem rubricas associadas aos investimentos no CFL no Orçamento Geral do Estado (OGE) e desde 2013 que a rubrica "Construção Da 2ª Linha do Ramal Ferroviário Bungo Baia" surge em todos os OGE até ao exercício de 2019. O valor mínimo é de 100 milhões Kz, em 2010, para um máximo orçamentado de mais de 2 mil milhões Kz no OGE 2013.

Em relação à Conta Geral do Estado, a pesquisa do Expansão não encontrou qualquer informação específica sobre os investimentos no CFL. Ou seja, os prejuízos acumulados e a queda do número de passageiros demonstram que o CFL vive de dotações orçamentais. Caso o Governo decidisse retirar os subsídios e os apoios operacionais, a empresa estaria automaticamente em risco de não operar, com efeitos nefastos para trabalhadores e utilizadores dos seus serviços.

Neste contexto, torna-se ainda mais difícil compreender a falta de rentabilização de um investimento que permitiria aumentar a facturação do CFL e incrementar o número de viagens diárias. Para eliminar ou reduzir o problema do lixo junto às linhas ferroviárias e aumentar a segurança da linha, existem várias possibilidades.

"Julgo que há três abordagens: o reforço policial/criminal pelas forças de segurança, a aposta na melhoria da relação entre o CFL e a comunidade que vive junto às linhas e a construção de uma zona de exclusão, contígua à linha férrea, que permita a circulação da população de forma segura - esta última opção implica a demolição de casas entre o Bungo e o Km 30 ou mesmo até Viana, o que significa que é uma ideia que só poderá ser implementada no médio, longo prazo", defende a fonte com larga experiência no sector contactada pelo Expansão. Na sua opinião, também a própria gestão da empresa "deve ser mais proactiva, em vez de reactiva", reforçando as medidas de segurança e actuando "logo que possível assim que seja identificada alguma violação grave na linha férrea e nas vedações".

O CFL, inaugurado em 1909, tem uma extensão de 460 quiló[1]metros e liga a capital às províncias do Cuanza Norte e Malanje.