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Empresas & Mercados

Estado vende acções da Unitel e BFA na Bolsa de Valores de Angola

EMPRESAS MAIS VALIOSAS SERÃO VENDIDAS NA BOLSA

As oito joias da coroa serão vendidas em oferta pública inicial, dando oportunidade a todos os cidadãos e empresas interessados de tornarem-se sócio das maiores empresas do país.

A Unitel e o Banco de Fomento de Angola (BFA), duas das empresas mais lucrativas do país, estão entre as 12 empresas em que o Estado vai alienar as suas participações por via da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), e cujo processo de alienação de participações deverá arrancar ainda este ano, apurou o Expansão. O Estado mantém o racional de vender as empresas mais valiosas por via de oferta pública inicial, por tratar-se de um processo considerado mais transparente e que permite a todos os cidadãos e empresas interessados tornarem-se sócios das maiores empresas do País. Aliás, as bolsas de valores são conhecidas internacionalmente como a forma mais barata, fácil e sem sair de casa que os investidores têm de se tornar accionistas de empresas.

Comprar acções na bolsa de valores permite ao investidor ganhar dinheiro de duas formas: por via dos dividendos (forma que as empresas pagam aos seus sócios por investirem nela). Em Angola os dividendos devem ser pagos em Abril de cada ano. A outra forma de ganhar dinheiro com as acções é por via da valorização ou desvalorização do seu preço na bolsa.

Para além do BFA e da Unitel, integram as joias da coroa que vão ser vendidas via oferta pública inicial a Sonangol, a Endiama, a Ensa Seguros, a BODIVA, Sonamet, TV Cabo Angola e Multitel. Entre todas as mais esperadas são as acções do BFA, Unitel e da Sonangol.

Detido em 51,9% pelo Estado angolano, através da Unitel S.A, o BFA é nos últimos 5 anos o campeão dos lucros entre os bancos angolanos. No exercício passado teve um lucro de 140 mil milhões Kz, um resultado 40% superior ao do segundo classificado da lista, o BAI.

De acordo com cálculos do Expansão, o BFA é também o banco que mais dividendos paga aos seus accionistas, já que em 2021, ano em que publicou o último relatório e contas disponível, pagou em dividendos 78,3 mil milhões USD. Em termos práticos, o BFA naquele que foi o ano atípico, onde os lucros dispararam por conta da reversão de imparidades, pagou 5.215 Kz por cada uma das 15.000.000 acções em circulação.

Aliás, o elevado valor pago em dividendos distribuídos pelo BFA garante em média nos últimos anos à volta de 40% dos lucros do seu accionista português, o BPI, que actua em vários mercados na Europa, Ásia e África.

Já a Unitel é a maior empresa de telecomunicações do país e uma das maiores em lucros e distribuição de dividendos.

As duas empresas pertenciam, entre outros accionistas, a Isabel dos Santos e passaram para a esfera do Estado, no âmbito dos processos movidos contra a empresária angolana e alguns parceiros. A Unitel foi nacionalizada no final do ano passado quando o Presidente nacionalizou as participações de 25% cada da Vidatel e da Geni.

A completar a lista das empresas cuja participação do Estado deverá ser vendida em bolsa estão a TAAG SA, a Aldeia Nova e a ZEE. O leilão em bolsa é uma modalidade de venda de acções na bolsa que já foi utilizado para privatizar o BCI.

Nesta modalidade apenas participam empresas previamente qualificadas já que se vende as acções em bloco, algumas vezes 100% da participação, e para isso é necessário dar provas da origem dos fundos que lhe permitirão comprar tantas acções de uma empresa de uma só vez.

Estas são algumas das razões que limitam a participação na compra de acções a um número limitado de investidores, normalmente grandes empresas.

Acções de quatro empresas chegam este ano à BODIVA

Destacam-se ainda na lista do programa PROPRIV o regresso da ENSA entre as empresas a privatizar por via da Bolsa de Dívida e Valores de Angola. A empresa tinha sido retirada desta modalidade por não reunir os requisitos e viu o seu concurso público para privatização cancelado.

Mas uma das principais surpresas no decreto assinado por João Lourenço é mesmo a antecipação da data para arranque da privatização da Sonangol, agora prevista para 2024, colocando fim aos sucessivos adiamentos no arranque do processo de privatização da empresa, que deverá começar com a publicação de um decreto do Presidente da República a autorizar a a privatização e a determinar qual a percentagem das acções a alienar.

Segue-se a contratação do intermediário financeiro que prepara o prospecto de emissão da empresa, onde, entre outras informações, se destaca o valor da acção da empresa, os dividendos que a empresa pagou pelo menos nos últimos 4 anos.

Após este prospecto ser aprovado pela Comissão do Mercado de Capitais segue-se a admissão das acções a negociação na Bodiva.

Recorde-se que o mercado de bolsa de acções foi lançado a 29 de Junho de 2022 com a admissão a negociação das acções do Banco Angolano de Investimentos. Em Setembro do mesmo ano chegarão à bolsa as acções de outro banco, o Caixa Angola.

(Leia o artigo integral na edição 719 do Expansão, desta sexta-feira, dia 07 de Abril de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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