Sector dos petróleos perde mais de 100 mil empregos desde 2016
A menor actividade no sector reflecte-se no quadro de pessoal. Só desde 2016, a produção média diária de barris de petróleo caiu 34% para 1,137 milhões. No entanto, para os especialistas, esta redução do quadro de pessoal é natural devido à reorganização da actividade na maioria das empresas, tanto de petróleos como de serviços.
Nos últimos sete anos, o número de trabalhadores na indústria petrolífera caiu 73,5%, para 37.135 empregos, ou seja, entre 2016 e final de 2022 o sector perdeu 102.779 colaboradores, indicam dados do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleo (MIREMPET) a que o Expansão teve acesso.
Em 2016, o número de trabalhadores no sector petrolífero entre operadoras, empresas prestadoras de serviços e instituições públicas do sector rondava os 139.914 efectivos, contrastando com os 37.135 contabilizados no final de 2022. Entretanto, ao analisar os últimos três anos, os números até crescem, tendo em conta que, face a 2021, houve um ligeiro aumento do quadro de pessoal.
Estes números resultam da soma entre os trabalhadores das operadoras petrolíferas e das empresas prestadoras de serviços. Aliás, as prestadoras de serviços são as maiores empregadoras de todo o sector petrolífero nacional. Do total de trabalhadores registados na indústria petrolífera, cerca de 7.524, representando 20,3% do total de mão-de-obra registada em finais de 2022, eram colaboradores expatriados e quase 80% era nacionais.
Por outro lado, as empresas angolanas, em 2022, contaram com um efectivo de 8.861 trabalhadores, dos quais 7.917 angolanos: 89,3% são colaboradores da Sonangol, enquanto a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG) empregava 620 pessoas, o Instituto Nacional de Petróleos (INP) 285 e o Instituto Regulador dos Derivados de Petróleo (IRDP) 39 efectivos.
O número de trabalhadores do sector entre 2017 e 2019 não foi revelado, mas o facto de ter caído de 139.914 em 2016 para 23.891 no final de 2020 evidencia que a Covid-19 e os seus efeitos na restrição da circulação de pessoas e bens, que levou a um afundanço dos preços do barril de petróleo nos mercados internacionais, acabou por ter um efeito substancial no sector em Angola.
Aliás, de 2020 para cá, o número de trabalhadores do sector cresceu 55% para 37.135, com o ministério a justificar que o aumento da actividade de downstream, em alguns projectos, está na base da contratação de mais trabalhadores, sobretudo angolanos, enquanto as empresas petrolíferas revelam que os pagamentos em kwanzas e os planos de contingência obrigaram os operadores a virarem-se mais para o mercado interno, onde vários especialistas acreditam que o declínio da produção de petróleo está a obrigar as empresas a fazer recrutamentos selectivos. Ainda assim, indicam que o aumento de operações nos últimos anos justifica o ligeiro aumento da força de trabalho.
Se as empresas recorrem cada vez mais à contratação de colaboradores angolanos, a presença dos estrangeiros a trabalhar na indústria petrolífera em Angola também tem registado aumentos. Se em 2020 o sector bateu no fundo com a redução das operações de muitas empresas petrolíferas devido à Covid-19, caindo para 18.189 trabalhadores expatriados, em 2020 chegou aos 2.381, disparando desde essa altura para os 7.525 em 2022, mais do que triplicou esse número.
As operadoras da indústria petrolífera, em Angola, garantem que a realização de investimentos no sector obrigou as empresas a reajustar o número de colaboradores expatriados em função das suas necessidades, apesar de serem mais caros que os trabalhadores nacionais.
Leia o artigo integral na edição 750 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Novembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)