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Empresas Angolanas: Os Desafios da Transformação Digital

EM ANÁLISE

A transformação digital exige profissionais qualificados e orientados, quer para a identificação e implementação de novas tecnologias, quer para a execução das tecnologias existentes. Desenvolver o capital humano é um dos pilares fundamentais para a implementação de novas tecnologias.

Num ambiente mundial de acelerada transformação tecnológica, com um mundo mais digital, onde actualmente já se fala em processos inteiros totalmente realizados por inteligência artificial, a inovação digital oferece oportunidades significativas para melhorar a produtividade, reduzir custos e expandir mercados. No entanto, as empresas angolanas continuam a enfrentar desafios únicos, navegando por um terreno complexo na sua tentativa de adoptar e implementar inovações tecnológicas.

De forma simples, a transformação digital consiste em encontrar maneiras mais eficientes de resolver um problema, sendo a tecnologia digital um factor central neste processo. Um bom exemplo são transportadoras que integram na sua operação inteligência artificial para optimizar os seus processos, implementando um sistema de rastreio de frotas em tempo real, com a utilização de sensores para monitorizar a localização e o estado mecânico dos veículos. Para estas empresas, isso traduz-se na redução de custos e ganhos na produtividade.

Antes de nos focarmos nas estruturas organizacionais, é importante considerar o contexto local, uma vez que um dos maiores desafios do país é a falta de infra-estruturas suficientes e adequadas para dar resposta às necessidades das empresas. Em diversas regiões, incluindo Luanda, o acesso à internet ainda é limitado ou de baixa qualidade, o que impacta directamente a adopção e gestão de tecnologias digitais, como soluções de comércio online, automação de processos e análise de dados. Para algumas empresas, essa limitação pode determinar a escolha entre continuar com processos totalmente físicos ou migrar para processos digitais.

Dentro das empresas, a resistência cultural e institucional também desempenha um papel importante na implementação de novas tecnologias. Transformações geralmente tendem a chocar com as normas estabelecidas, sendo que é da natureza humana ter uma resistência inicial ao desconhecido, o que pode entrar em conflito com o modus operandi das empresas e das suas pessoas. Essa resistência ao novo é normalmente consequência do receio de falhar ou da falta de compreensão das novas tecnologias, o que pode atrasar a adopção de novas soluções digitais.

Uma visão estratégica clara e de longo prazo é fundamental para o sucesso da implementação de soluções digitais que podem melhorar os resultados da empresa. Ao investir em tecnologia para criar vantagens competitivas sustentáveis, as empresas têm a oportunidade de transformar os seus processos internos e se posicionar de forma mais sólida no mercado. Um exemplo clássico é o caso da Nokia e da Apple. Enquanto a Apple apresentava o primeiro iPhone com um novo sistema operacional (iOS) e uma interface de usuário touch screen, a Nokia continuava focada em soluções tradicionais e seguras, o que se provou não ser suficiente para acompanhar a revolução digital na época.

Além disso, a transformação digital exige profissionais qualificados e orientados, quer para a identificação e implementação de novas tecnologias, quer para a execução das tecnologias existentes. Desenvolver o capital humano é um dos pilares fundamentais para a implementação de novas tecnologias. Num mundo em rápida transformação, a educação inicial não é suficiente; é essencial que os colaboradores tenham acesso a formação contínua e a programas de requalificação, não apenas com formações desenvolvidas internamente, mas também em parcerias com empresas especializadas, de modo a responder às exigências do mercado.

Para algumas empresas, em específico aquelas prestadoras de soluções digitais, há ainda o desafio da literacia digital, que limita, por exemplo, o crescimento de startups, considerando o número reduzido de utilizadores activos de internet quando comparado com o total da população. Para superar tais desafios, é crucial a intervenção extensiva do governo, com a implementação de políticas públicas que garantam o acesso à internet de qualidade e a criação de programas focados na promoção da inclusão digital.

Por falar em governo, é evidente que, face à rápida evolução das novas tecnologias, as leis e regulamentos em Angola tendem a não ser actualizadas com a frequência necessária para acompanhar o ritmo global. Um exemplo disso é a legislação específica sobre Inteligência Artificial, uma área em franco crescimento, mas que ainda carece de regulamentação local específica. Embora seja utilizada, opera ainda sem directrizes claras sobre aspectos éticos, de privacidade e de segurança. Na Europa, procura-se regular primeiro e inovar depois, enquanto nos Estados Unidos a inovação acontece primeiro e, caso tenha tracção, é regulada posteriormente. Angola, no entanto, ainda não definiu uma posição clara sobre a questão.

Leia o artigo integral na edição 793 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Setembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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