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Grande Entrevista

"Estamos a construir muitas torres de energia e não tivemos uma única encomenda"

VICTOR LIMA PCA DA ANGLOBAL

O PCA da Anglobal defende que o País precisa melhorar os mecanismos de financiamento e apoio ao empresariado nacional para que possa competir em pé de igualdade, num sector chave e prioritário para a economia nacional

O sector de telecomunicações tem vindo a crescer em termos de operadores, no entanto, a qualidade tem sido questionada pelos utentes devido a dificuldades nas comunicações que se sentem cada vez mais. Que avaliação faz a este sector?

Temos mais um operador, mais oferta, isso é positivo. Infelizmente nem todos os operadores têm o mesmo desempenho. Já não há uma grande concentração, mas as telecomunicações no País estão a ter um problema, isso é público, em termos de oferta de mercado e em termos do consumidores. A nível de consumidores já estivemos melhor. Isso deve-se, um pouco, à falta de reinvestimento.

Porquê?

As telecomunicações são um sector muito dinâmico, todos os anos há tecnologia nova e esta tecnologia nova tem de ser continuamente implementada para que possamos acompanhar o que há de melhor no mercado mundial. Se não fizermos este investimento, a tendência é a estagnação, como está a acontecer. E a estagnação tem um problema, é que somos um País jovem. Ou seja, continua a haver um aumento de utilizadores que não está ser respondido da melhor forma por parte dos operadores.

Esta falta de reinvestimento é devido às condições do mercado ou à falta de capital?

Não podemos falar pelos operadores, os operadores poderão responder por eles. Mas sentimos que nunca estivemos com tantos problema numa rede como temos agora, e havendo mais um operador! É uma situação real. Só para ter uma ideia, na época da Covid, todos nós em casa utilizávamos mais o telefone, na vertente voz e dados. E percebemos claramente que não é um luxo, mas sim uma necessidade. Nós, para desenvolvermos, precisamos de estradas, energia e telecomunicações. Isto é fundamental.

Faltam infraestruturas?

Neste momento, a Anglobal tem entre importação, em agenda e instalação, nestes 20 anos, mais de 400 soluções de telecomunicações. O ano passado foi o primeiro em que produzimos, através da aquisição de duas fábricas na Zona Económica Especial, torres em Angola. No ano passado produzimos 40 torres de telecomunicações em Angola.

Estão a ser usadas estas torres?

Sim. Todas foram implementadas e estão a ser utilizadas. Este ano, prevemos fornecer ao mercado pelo menos 60. Sempre importámos torres e passamos por momentos difíceis, falta de divisas, soluções de câmbio e, então, decidimos que era altura de começar a produzir aqui. Havia uma unidade industrial na ZEE que estava vocacionada para isso, mas infelizmente não estava a funcionar, estava à guarda do Estado.

Essa fábrica foi adquirida no âmbito do PROPRIV?

Sim. Comprámos duas. Uma de galvanização a quente e outra de metalomecânica. Uma produz e a outra galvaniza. Recuperámos estas fábricas com grandes investimentos, para além do valor da aquisição que foi perto de 14 milhões de dólares.

Considera cara ou barata?

Cara, devido ao estado em que as infraestruturas estavam. Só depois da compra é que detectámos o estado real delas.

Já pagaram as fábricas?

Já, a 100%. A Anglobal cumpriu todos os prazos acordados. Entrámos nesta compra com 50% de fundos próprios e a outra metade foi um financiamento bancário. Fizemos esta compra com expectativa de que iríamos ter grande procura, mas não é o que está a acontecer.

Porquê?

A fábrica está vocacionada principalmente para a construção de infraestruturas de energia, alta, média e baixa tensão. Tínhamos a expectativa de produzir torres de transporte de energia e ainda não tivemos nenhuma encomenda até hoje. Percebemos, infelizmente, que estas linhas de alta tensão são linhas que vêm financiadas de fora e que existem cláusulas que obrigam à preferência nos países que financiam. Resultado: estamos a construir muitas torres em Angola e não tivemos uma única encomenda.

Leia o artigo integral na edição 745 do Expansão, de sexta-feira, dia 06 de Outubro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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