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Grande Entrevista

"Grande parte do portfólio da Norfund, 4 mil milhões USD, está investido em África"

BERNT BRUN VICE-PRESIDENTE DA NORFUND

O vice-presidente do segundo maior fundo de investimento do Governo Norueguês, o Norfund, esteve em Angola, recentemente, para avaliar o progresso dos projectos, onde foram investidos quase 90 milhões de dólares. Bernt Brun fala dos desafios e das oportunidades fora do sector petrolífero, que é o alvo do investimento da Angola Capital Partners, empresa que gere os fundos no País.

O Norfund é o segundo principal Fundo do Governo Norueguês, usado para investir em países em desenvolvimento. Em Angola, estão focados em desenvolver projectos no sector não petrolífero. No País, através da Angola Capital Partners, criou e atraiu capital estrangeiro para dois fundos: o FIPA I, que foi fechado em 2011 com um capital de 39 milhões USD, e o FIPA II, fechado em 2017 com capital de 48 milhões USD. O que motivou a investir em Angola?

O Norfund está em países como Angola, não apenas com o objectivo de dar algo, mas também ter algum lucro. Fazemos investimentos e introduzimos governance e outras boas práticas internacionais, por via da Angola Capital Partners (ACP). O Norfund é um dos fundadores e accionistas da Angola Capital Partners (ACP), uma empresa de gestão que gere fundos substanciais que captamos, não apenas da Norfund, mas de vários investidores estrangeiros, essencialmente de fundos, ligados a governos europeus e bancos angolanos para as empresas em Angola.

Quem são os accionistas da Angola Capital Partners (ACP) e quem são os gestores?

Recentemente, foi eleito um norueguês para gerir a ACP, na qualidade de chairman do board of directors. Falo de Paul Rauum, que foi eleito pelos accionistas para um mandato de três anos. O BAI é accionista da ACP, com 47,5% das acções, o Norfund tem igualmente 47,5% das acções e as restantes 5% estão distribuídas pelos órgãos de gestão.

Explique-nos a história do Norfund em Angola. O que os motivou?

Se recuar no tempo, há um enorme fluxo de investimentos e parcerias entre a Noruega e Angola. E tem sido assim há muito tempo. Estão em Angola a Equinor, Arc Group e outras grandes empresas norueguesas, especialmente empresas ligadas ao petróleo. Têm trabalhado cá, tido bons resultados e é natural virem a seguir instituições e empresas, como o Norfund e a Angola Capital Partners, para fazer investimentos fora do sector petrolífero.

Porquê Angola?

Grande parte do portfólio do Norfund, aproximadamente 4 mil milhões USD, está investido em África. Como todos sabemos, Angola tem tudo, tem potencial em vários sectores, tem petróleo, claro, mas também minerais, tem muita água e terra. Com isso, pode-se fazer agricultura e indústria, portanto, não iríamos perder a oportunidade de fazer parte do desenvolvimento do País em inúmeros sectores fora do sector petrolífero.

Quais os sectores onde já investiram, por via dos dois fundos geridos pela Angola Capital Partners, que juntos perfazem quase 88 milhões USD?

Essencialmente projectos em três importantes áreas. Temos uma enorme actividade na agricultura, onde temos a fazenda Girassol, detemos 50%, e provavelmente você conhece a marca. Também temos participação na Orey, que é uma empresa de logística, armazenamento e outros serviços, mas que actua fundamentalmente na logística.

E qual o terceiro projecto onde investiram?

Temos uma actividade importante na área ambiental, especificamente na gestão de resíduos no sector petrolífero, com a empresa Angola Enviromental Services (AES). Estas são as três principais empresas onde os nossos fundos estão investidos. Temos um relatório de impacto, onde se pode perceber melhor o que fizemos em Angola. Aliás, pretendemos ter lucro, mas temos de criar impacto no desenvolvimento do País, uma forma de pensar que é útil para os empreendedores.

(Leia o artigo integral na edição 712 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Fevereiro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)