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Grande Entrevista

"Hoje já não é necessário ter um emprego convencional, muitos jovens sustentam famílias com estes negócios"

IVAN MUGIMBO DIRECTOR GERAL DA YANGO ANGOLA

Responsável por um dos vários aplicativos de mobilidade no País, Ivan Mugimbo acredita no potencial deste segmento para a criação de empregos e queixa-se da dificuldade de financiamento das startups, que têm ganhado espaço num mercado condicionado pelo baixo acesso às tecnologias de informação.

As startups têm vindo a ganhar espaço em diferentes sectores da economia nacional. Que avaliação faz do seu desempenho no mercado?

Acho que as startups têm dado aqui uma grande oportunidade à população angolana, porque permitem às pessoas ter o auto-emprego. Esse é um dos maiores factores que a tecnologia tem trazido. Hoje já não é necessário ter um emprego convencional, através de soluções digitais, startups, temos muitos jovens que sustentam as suas famílias com estes negócios. As startups, essas tendências tecnológicas, são uma vantagem mesmo para a população. As startups permitem também a criação de emprego para outras pessoas à volta.

Mas é preciso haver internet...

Isso é uma das maiores dificuldades que nós temos aqui. Por exemplo, para calcular o preço da corrida, no caso da mobilidade, temos de ter uma internet muito estável e, às vezes, há falhas. Recebemos algumas reclamações por os preços não estarem a ser bem calculados, porque às vezes no meio da viagem o condutor ou o passageiro fica sem internet. A internet em Angola ainda não está no nível que deveria estar para acompanhar a massificação das startups. Isso impacta negativamente o serviço.

Como é a relação com os vossos concorrentes?

A concorrência é sempre bem vinda. Quanto mais aplicativos entrarem no mercado, mais os preços vão baixar. Há alguns anos, o preço dos táxis era muito alto e era sinónimo de luxo. Quanto mais players estiverem no mercado, mais os preços também vão baixar. Queremos prestar um serviço de qualidade e às vezes bebemos da experiência de outros. O modelo padrão para todo o mundo foi o aplicativo Uber.

As TICs contribuem para o combate ao desemprego?

Sim. Por exemplo, a Yango trabalha com empresas parceiras e muitas delas estavam no mercado informal. Ao associarem-se a nós tiveram de se organizar, formalizar a actividade, pagar impostos e algumas estão a crescer. Com a nossa tecnologia há mais controlo. Neste segmento, as TICs vieram para ajudar. Ideias como a nossa ou outras ajudam a criar emprego, sobretudo para os mais jovens.

Reflecte-se na economia?

As startups têm sempre uma dificuldade inicial, que é financiamento. Infelizmente, os bancos comerciais olham mais para os negócios convencionais. Querem tudo no papel, projecções de 5,10 anos. E por norma as startups têm projecções de menos tempo, e vão crescendo. Os bancos, instituições de financiamento, o Estado, têm de começar a olhar e dar mais suporte às startups. Há alguma iniciativa de apoio por parte do BNA, mas o financiamento tem sido uma dificuldade.

O risco com as startups é maior, sobretudo no começo...

Sim. Mas não justifica as dificuldades de financiamento. É preciso olhar para cada situação. Já houve situações em que funcionamos como garantia para os nossos parceiros. E, felizmente, ainda há espaço para o mercado crescer.

Quanto é que esse negócio gera para os motoristas?

Um condutor que faz entre 15 a 20 corridas todos os dias pode ganhar na semana entre 200 a 250 mil kwanzas. Temos condutores que, no final do mês, ganham um milhão de kwanzas trabalhando com o nosso aplicativo, porque os nossos preços atraem um volume de procura. Os nossos condutores raramente ficam parados, porque têm um grande número de pedidos. Temos pessoas que vivem completamente disso.

E os rendimentos da Yango?

Não posso partilhar esses dados. Não queremos expor esta informação para a nossa concorrência. Mas, para ter uma noção, se falamos de um condutor que faz entre 600 a 1 milhão de kwanzas/mês, vezes 7 mil condutores que actualmente temos em Luanda, vamos angariar 10% desse valor.

É um negócio lucrativo?

Com certeza.

Como é que são pagos?

A relação directa é com as empresas. No final do dia, a Yango cobra uma percentagem aos condutores que actualmente é 13% em cada corrida realizada. Ou seja, no final de cada corrida o valor total que tiramos em cada condutor é 13%. E para aqueles condutores que são independentes, mas trabalham com nossos parceiros, nós dividimos o lucro. A Yango fica com 10% e essa empresa parceira que está a fazer a gestão desse condutor fica com 3%. Temos empresas que gerem 100, 200 condutores independentes e só com essa gestão ficam com 3% de todo o lucro. O condutor paga uma percentagem e nós repartimos 10% para a Yango como detentor do aplicativo e toda a tecnologia e essas empresas ficam com 3%. É uma boa forma de aumentar a rentabilidade dessas empresas.

Leia o artigo integral na edição 761 do Expansão, de sexta-feira, dia 02 de Fevereiro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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