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Grande Entrevista

"Na verdade, esperávamos menos volatilidade do preço das acções na bolsa"

LUÍS LÉLIS PCE DO BAI

Um ano depois de o BAI ter entrado na bolsa, Luís Lélis faz um balanço do que tem sido a operação até agora. Mas fala também da necessidade urgente de se melhorar o ambiente de negócios do País, do trambolhão do Kwanza, do peso dos títulos nos activos do banco e do plano estratégico até 2027.

Faz agora um ano que o BAI entrou na bolsa de valores depois de ter vendido as participações da Sonangol e Endiama. Com a entrada em bolsa houve algumas mudanças na relação com o mercado?

O sector financeiro é altamente regulamentado. Havia um escrutínio do BNA e quando nos transformamos numa sociedade aberta, o BAI passa a ter não apenas o escrutínio dos investidores, mas também do regulador, neste caso a CMC.

Dois reguladores a olhar para a instituição

Este é o grande desafio. Como procurar harmonizar, estar em conformidade com a exigência de dois reguladores que procuram, acima de tudo, defender os interesses daqueles que investem no banco.

Mas o que é que mudou?

Além do escrutínio reforçado, há um esforço maior na elaboração de toda a informação relativamente ao banco porque é preciso muita transparência. É necessário que o relatório e contas, que é divulgado e auditado, reflita aquilo que estamos a fazer para que os accionistas possam comparar aquilo que foi o prospecto de abertura do capital em bolsa, que incluía o plano estratégico 2022/2027. E também o plano de negócios onde os investidores podiam ver a expectativa que nós estávamos a criar em termos de retorno dos capitais próprios face ao que está a acontecer. A equipa do BAI sentiu-se bastante honrada em fazer parte da história económica de Angola, em que o banco se tornou na primeira sociedade cotada em bolsa depois da independência.

Este projecto na bolsa está de acordo com aquilo que pensava? Um grande interesse no início, depois uma baixa, uma nova subida, uma baixa...ou seja, uma oscilação grande do valor das acções?

Nós, na verdade, esperávamos menos volatilidade. Quando a volatilidade do preço das acções excede aquilo que é normal, obviamente que nos obriga a aprofundar os estudos e a perceber o que se está a passar.

Mas o sistema também é um pouco propenso para que isto aconteça. Eu vou à plataforma, mostro uma intenção de compra ou de venda, nem que seja de uma acção, e o preço mexe logo.

O BAI investiu significamente, sobretudo para saber como se faz no nosso contexto. O processo de abertura de capital em bolsa é muito complexo e exigiu muita capacidade de muitos colaboradores, inclusive consultores. Obviamente que num mercado em que hoje só existem duas sociedades cotadas, existe o desafio da profundidade deste mercado, que depois fica muito permissivo a pequenas movimentações que causam esta volatilidade nos preços. Nós continuamos a estudar, acreditamos que quanto mais sociedades entrarem em bolsa, hoje somos apenas duas, poderemos então criar aquilo que se chama o Luanda Stock Index, que reflecte a economia do País. Aí sim, teremos menos efeitos de operações que eu consideraria especulativas, que são muitas vezes só para testar como o mercado funciona. Verificamos que muitas destas ordens eram de pessoas que estavam apenas a testar como isto funciona.

Mas isso causa constrangimentos nas empresas.

Não é um elemento perfeito, uma estrutura perfeita, mas já demos o primeiro passo. O BAI e o Caixa Angola deram o primeiro passo e agora estamos todos ansiosos para que outras empresas também sigam o mesmo caminho.

O BAI pensa colocar mais capital em bolsa?

Neste momento não faz parte dos nossos planos. Essa é uma informação pública e consta do plano estratégico 2022/2027. Não temos qualquer expectativa de colocar mais acções na Bolsa. Foram apenas colocadas as participações no capital na Endiama e da Sonangol e não há qualquer intenção de colocar mais.

Esta relação com o mercado de capitais também "obrigou" ao lançamento da Áurea para actuar como corretora e distribuidora.

Esta acção é uma sequência da aplicação do regime geral das instituições financeiras, que proíbe os bancos de fazerem negociação com valores e títulos mobiliários, a não ser de carteira própria. Penso que o legislador procurou criar oportunidades de negócio para complementar a cadeia do mercado de capitais. É um investimento que nós fizemos. Tínhamos de cumprir com a lei e criámos a Áurea, que hoje está aí a concorrer com tantas outras.

Não está só a trabalhar com os clientes BAI?

Nem pode. Eles próprios comunicaram recentemente que estão a trabalhar com um outro banco...

(Leia o artigo integral na edição 733 do Expansão, desta sexta-feira, dia 14 de Julho de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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