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Grande Entrevista

"Não temos um posicionamento para a internet, nem queremos a curto prazo"

MARCUS VALDEZ, DG DSTV ANGOLA

Na véspera dos 25 anos da presença do grupo Multichoice no País, Marcus Valdez fala dos desafios dos operadores de televisão por assinatura, nomeadamente do streaming, da pirataria e da forma como o regulador se posiciona como o guardião da tarifa.

Assumiu o cargo de director geral da DStv Angola em Maio e quatro meses depois a empresa lançou a plataforma DStv Stream em Angola. Existe alguma relação entre estes dois factos?

Nós já tínhamos este plano. Já tínhamos pensado em formas de atender as necessidades dos nossos clientes, que precisam de ter também um serviço de internet. A nossa ideia foi: como é que chegamos aos nossos clientes, tendo na base um produto que nós não temos, que é a internet. Não temos [internet] e não temos essa intenção de ser provedores. Não faz parte da filosofia do grupo. O que nós queremos e o que vamos fazer são parcerias que permitam (como já temos com a TV Cabo) que o nosso produto possa ser acedido de várias formas.

Como é que o cliente tem acesso?

Nós já temos o nosso negócio, que é o habitual e envolve um descodificador e uma antena, mas queríamos também chegar aos nossos clientes que não têm essa possibilidade, porque há regras em condomínios que, muitas vezes, não permitem a instalação de uma antena. Então nós pensámos numa forma que fosse completamente digital, em que o cliente tem de assegurar apenas uma base de internet e, depois, toda a adesão ao produto é feita de forma digital. A partir de um website, o cliente pode colocar os dados, fazer o registo e o seu pagamento e, imediatamente, começar a aceder aos nossos conteúdos. Desde que esteja com uma internet estável e um smart device, que pode ser uma smart TV, um telefone ou tablet, e pode ver exactamente os mesmos conteúdos que o nosso cliente habitual.

Como é que esta plataforma pode ser uma mais-valia para um mercado com taxa de penetração muito baixa?

Nós consideramos que é um produto diferenciador, principalmente para estes clientes, como referi, que não podem ou não querem ter instalação de cabos e descodificador. E achamos que vai ser uma mais-valia, pois, apesar de a taxa de internet ser das mais baixas em África, o mercado começa a crescer. Os indicadores do INACOM [Instituto Angolano das Comunicações] do ano passado referem que, não obstante, termos uma taxa de penetração na ordem dos 30%, são mais ou menos 10 milhões de utilizadores, mas desses 30%, sensivelmente 80% utiliza apenas comunicações móveis. Se compararmos o I trimestre deste ano com o último trimestre do ano passado, o INACOM indica que houve um crescimento de 7%, o que nos dá indicadores positivos e faz com que tivéssemos considerado que este era o momento certo.

No meio destes indicadores todos existem desafios técnicos, como a latência e velocidade da nossa internet. Estes pormenores também foram analisados?

O facto de não sermos um provedor de internet, traz-nos algumas limitações. Não conseguimos controlar o produto de ponta a ponta. Mas desenvolvemos uma aplicação, que se ajusta à internet que está por baixo, ou seja, quanto melhor for a internet do cliente, a visualização sai do standard para uma visualização de alta definição. A aplicação mede qual internet está por baixo e vai fazendo esse ajuste. Esse ajuste é feito de uma forma muito rápida, mal o cliente comece a assistir, em 15 segundos, a aplicação vai incrementando a qualidade até ficar de acordo com a internet que está a ser disponibilizada. Para qualquer internet que esteja por baixo a nossa aplicação funciona. Temos esta vantagem.

Podemos aceder aos conteúdos com uma internet de 1 MB/s de velocidade, por exemplo?

Consegue aceder. Mas na sua televisão a imagem não vai ser a melhor. Mas se aceder com 1Mb/s no seu telemóvel ou no seu iPad vai estar óptimo. Para smart TV nós consideramos o mínimo de 2 MB/s. Ou seja, dependendo muito da usabilidade e do perfil do utilizador nós aconselhamos para baixa internet, iPad ou smartphone. Uma internet a partir dos 2 MB/s na smart TV e vai ver como se estivesse no nosso produto normal, que é um satélite [Vsat] e descodificador.

O cliente só pode aceder à plataforma com um smart device de cada vez?

Pode aceder até dois dispositivos ao mesmo tempo, desde que um deles seja a TV. Ou seja, pode estar na televisão e a companheira/o estar no tablet ou telemóvel a ver o mesmo conteúdo ou conteúdo diferente.

Já que não pretendem ser provedores de internet, como é que vão levar o serviço e convencer o cliente?

Para começar a explicar porque é que não temos um posicionamento para internet, nem queremos ter a curto prazo, porque não faz parte do core business da empresa Multchoice. A nossa história e a nossa força tem tudo a ver com pagamento de conteúdo para visualização, nós somos payTV. Portanto, o que nós temos estado a fazer, e isso não é só para internet, mas para todos os serviços que não são a nossa vocação, é apostarmos em parcerias locais com especialistas dentro dessas áreas. Por exemplo, o nosso call center, ao invés de estarmos a criar um negócio, fomos ao mercado e olhamos para os nossos especialistas locais neste tipo de serviço, fizemos um bip [sinal] e escolhemos os melhores. Fizemos isso para todas as áreas e o serviço de internet não é excepção.

Leia o artigo integral na edição 748 do Expansão, de sexta-feira, dia 27 de Outubro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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