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Grande Entrevista

"O aeroporto 4 de Fevereiro hoje já não suporta o nível de voos"

MANUEL ALMEIDA, ADMINISTRADOR DA GHASSIST

Passados 27 anos, a Ghassist prepara-se para mudar para o novo aeroporto e admite a necessidade de financiamento para aquisição de mais equipamentos para responder aos desafios, devido à instabilidade do kwanza e à escassez de divisas.

O novo aeroporto internacional de Luanda, Doutor António Agostinho Neto, deve começar a operar ainda este ano com passageiros. Que expectativas a Ghassist tem?

O novo aeroporto é um orgulho nacional. É verdade que o País já precisava de um novo aeroporto Internacional daquele nível. E nós, como prestadores de serviços neste segmento, temos de ficar satisfeitos. Estamos preparados e capacitados para ir para lá. Desde que começaram os voos cargueiros no novo aeroporto que nós assistimos estas operações. Estamos à espera da componente passageiros, que se avizinha.

Há condições para vocês operarem no novo aeroporto?

Há condições e continuamos a preparar-nos. Porque a demanda naquele aeroporto vai ser, de longe, maior do que no 4 de Fevereiro. E, naturalmente, vai nos obrigar a mais investimentos, mais recursos, quer humanos quer materiais, a todos os níveis. Aquele aeroporto é, de facto, um aeroporto. Estamos a lutar para esta capacitação. Do que ouvimos nos últimos tempos a operação com passageiros está prevista para Outubro. Estamos todos expectantes que isso aconteça.

Nesta altura decorre o concurso para escolha do futuro gestor do novo aeroporto. É importante uma gestão eficiente deste espaço?

Essa é a parte difícil. São decisões políticas. A decisão política concebeu o modelo de gestão internacional. Ouvimos que o concurso está a decorrer, há dois consórcios na segunda fase. Estamos à espera que o processo conclua e o novo gestor apareça, pode contar connosco.

A nível da assistência de aeronaves a questão do tratamento de bagagens é um ponto reclamado por passageiros. Como se resolve?

Com muita cautela, porque um voo tem dois pontos. Qualquer situação anormal que ocorra há que avaliar onde é que efectivamente deve ter ocorrido o incidente. Só depois dessa avaliação é que estamos em condições de definir de onde é que foi ou aconteceu efectivamente a situação. O voo tem um ponto de partida e um ponto de chegada, isso obriga-nos a uma avaliação minuciosa para que se apure onde terá acontecido. Depois de apurado, responsabiliza-se quem foi o causador do dano ou do incidente.

Tem acontecido esta responsabilização?

Temos feito do nosso lado. Temos também procurado fazer com que casos do género não ocorram aqui nas nossas escalas com procedimentos de revista física, controlo de segurança, de polícia. Temos todos os controlos possíveis e imaginários para evitar que isso aconteça. Cada caso é um caso, não dizemos que não acontece ou estamos a níveis zero, porque não é possível. Acontece um ou outro caso e tomamos as medidas que se impõem.

Hoje, quando chega mais de um voo no mesmo período, a sala de desembarque no aeroporto internacional 4 de Fevereiro fica um caos com atrasos na entrega de bagagens e não só, porquê?

Infelizmente. Por isso é que o novo aeroporto para nós vai ser uma grande valia. Este aeroporto 4 de Fevereiro hoje já não suporta o nível de voos. Basta haver uma simultaneidade de dois ou três voos já é um caos. Quer nas partidas quer nas chegadas. Não há mais capacidade para suportar. Este novo aeroporto veio mesmo a calhar e, com certeza, o que acontece aqui no 4 de Fevereiro lá não vai acontecer. E digo isso com alguma propriedade, porque neste momento represento a Ghassist no novo aeroporto e ali as condições são outras.

Chegou ao seu limite?

Ultrapassou o seu limite. Hoje não tem nada para um aeroporto internacional. Penso que este aeroporto não vai fechar. Em todo o mundo há capitais com mais de um aeroporto. Esse poderá continuar, mas em dimensão mais reduzida. Um ou outro voo, um ou outro alternante vai acontecer aqui. Mas o mundo vai para o novo aeroporto internacional de Luanda.

Fala-se dos acessos, da distância, do novo aeroporto...

É verdade. Mas no 4 de Fevereiro costumamos ter pessoas que moram próximo do novo aeroporto e que viajam até aqui. Agora vai acontecer o inverso. Quem mora aqui agora vai habituar-se a viajar para lá. Temos aqui funcionários que moram em Catete, Cacuaco, Zango e noutras zonas distantes e vêm para aqui.

É uma falsa questão?

Sim. Embora considere que deve haver melhorias nos acessos de uma forma geral. A realidade diz-nos que Luanda, em termos de acessos, é difícil. Então, ao irmos para o novo aeroporto, não será diferente. Por isso, vamos ter sim de melhorar os acessos, quer para passageiros, como para funcionários.

O discurso institucional é de que com o novo aeroporto internacional de Luanda Angola pode tornar-se num hub para África e não só. Há condições de assistência a aviões a este nível?

Luanda hoje já é um hub. Temos passageiros que passam por aqui vindos do Brasil para a África do Sul, do Brasil para Moçambique. Já temos alguns passageiros a passarem por aqui nessa condição. Acredito que para o novo aeroporto, as dificuldades que passamos no 4 de Fevereiro, em transacionar as bagagens, passageiros, não iremos passar.

Leia o artigo integral na edição 786 do Expansão, de sexta-feira, dia 26 de Julho de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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