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África

O serviço aéreo como factor de crescimento da economia africana

RELATÓRIO DA IATA FAZ CRÍTICAS MAS TAMBÉM APRESENTA ALGUMAS SOLUÇÕES PARA O SECTOR DA AVIAÇÃO NO CONTINENTE

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) diz que se apenas 12 "países-chave" em África trabalhassem em conjunto para melhorar as ligações aéreas no continente e para abrir os seus mercados, isso iria criar mais de 150.000 empregos e aumentar o PIB desses países em mais de 1,3 mil milhões USD.

Na maioria dos casos é mais barato voar para outro continente que para outro país do continente africano, uma realidade em quase todas as nações de África, onde se inclui também Angola.

Os voos são também mais caros do que em qualquer outro continente. Por exemplo, se viajar de Kinshasa, capital da RDC, para Lagos, maior cidade da Nigéria, o preço varia entre 500 e 850 USD, tem pelo menos uma escala e demora 20 horas. Em comparação, uma viagem entre Berlim, capital da Alemanha, e Istambul, capital da Turquia, que é a mesma distância, custa apenas 150 USD para um voo directo que leva menos de três horas. Isto afecta grandemente a circulação de pessoas, torna difícil e caro fazer negócios dentro do continente e limita a relação entre os estados. Acrescente-se ainda que em muitos países africanos as vias rodoviárias têm pouca qualidade e a falta de vias ferroviárias leva a que o transporte aéreo seja também a escolha mais prática para o transporte de carga, com todos os constrangimentos e custos explicados acima. Significa isso também que a circulação de mercadorias entre os países africanos, que poderia alavancar o comércio intercontinental, ainda não é economicamente atractiva.

Para Angola, por exemplo, é muito mais barato importar um mesmo produto de Portugal do que de Moçambique. Outro dado importante vem do relatório da IATA relativo a 2022, o ano da recuperação do tráfego aéreo pós-Covid, que mostra que foi no nosso continente que o aumento foi menor, apenas 89,2% para um crescimento médio, em termos mundiais, de 152,7%.

As companhias Ásia-Pacífico tiveram uma subida de 363,3%, no Médio Oriente o aumento do tráfego foi de 154,7%, na Europa de 132,2%, nos Estados Unidos aumentou 140% e as companhias latino- -americanos registaram um crescimento de 119,2%. De acordo com os dados publicados pelo Programa Ambiental das Nações Unidas, em África vive 18% da população mundial mas a região representa menos de 2% das viagens aéreas globais.

A conectividade entre os países ainda é muito deficiente e, apesar de estar protocolado o Mercado Único Africano para a Aviação, desde 2016, a verdade é que não existe integração continental neste sector. Uma das explicações tem a ver com o facto de os voos dentro de África ainda serem estruturados em pesados acordos bilaterais, com custos enormes face à realidade em outras paragens do globo, ao que acresce o facto de a maioria das companhias aéreas de bandeira serem de capital público, mal cobrirem os seus custos e terem em muitos casos operações com prejuízo.

Zemedeneh Negatu, presidente da Fairfax, referiu à BBC que "todo o governo em África quer ver a sua bandeira na cauda de um avião estacionado no aeroporto de Heathrow em Londres ou no JFK em Nova Iorque, mas os governos africanos precisam de perceber que as companhias autónomas não são viáveis", defendendo que as companhias se devem inspirar na Europa e formar grandes parcerias, como aconteceu entre a Air France e a KLM, ou entre a British Airways e a Iberia. Os exemplos no mundo vão mostrando que a conglomeração é o caminho a seguir para as companhias sobreviverem e fornecerem um serviço mais barato e mais estável.

(Leia o artigo integral na edição 734 do Expansão, desta sexta-feira, dia 21 de Julho de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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