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Campeonato custa 18 vezes mais que a edição anterior, cerca de 220 mil milhões USD

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Na Rússia em 2018 o Mundial custou 12 mil milhões USD, no Brasil em 2014 cerca de 15 mil milhões, e agora no Catar chega aos 220 mil milhões USD. O dinheiro não é problema, para o governo do Catar trata-se de uma enorme acção de soft power, sem preocupação nas perdas financeiras da competição.

O Mundial do Qatar irá custar cerca de 220 mil milhões USD, recordando que na altura da atribuição da competição há 12 anos, em 2010, estimava-se que seriam necessários investir cerca de 65 mil milhões USD para garantir a sua realização. A confirmação que o investimento mais que triplicou surgiu esta semana pela voz de Hassan Al Thawadi, chefe da comissão organizadora do Qatar deste Mundial, confirmando que os custos de infraestrutura desde que o país recebeu para o torneio excederão 200 mil milhões de dólares, na sequência da estimativa da empresa americana de consultoria de finanças desportivas Front Office Sports, que avançou com este valor.

Para se ter uma ideia da dimensão, o Mundial mais caro da história tinha sido o do Brasil em 2014, um custo estimado de 15 mil milhões USD, o que significa que este no Qatar custa 15 vezes mais. Este investimento, que recorde-se não tem uma justificação oficial concreta especificando exactamente quanto dinheiro foi para cada uma das infraestruturas, é justificado pelo governo do País como fazendo parte de um projecto de investimento público mais amplo, Qatar National Vision 2030, que se propõe mudar a imagem do território.

De acordo com Kieran Maguire, especialista em finanças do futebol da Universidade de Liverpool, em declarações à DW, "o Mundial de futebol agiu como um acelerador para o governo do Catar querer resolver questões da infraestrutura do país". Trata-se de uma enorme "aposta no soft power" que na verdade acabará sendo deficitária em termos comerciais, algo que pouco preocupa o governo de Doha.

"As relações internacionais são a principal motivação para sediar o torneio, e também se trata de uma ação de soft power, como estratégia de defesa e segurança. O dinheiro claramente não é problema para o Catar. O país pode tranquilamente sediar uma Copa do Mundo e está disposto a absorver as perdas envolvidas. De muitas maneiras, o Mundial de 2022 é uma anomalia financeira.", acrescentou.

Os grandes investimentos feitos neste período aconteceram fora da área desportiva - uma nova rede metro subterrâneo em Doha, inaugurada em 2019, com 37 estações e uma extensão superior a 70 quilómetros. Foi concluída a construção do novo aeroporto internacional de Doha, que já estava em curso, e reaberto o antigo aeroporto, para aumentar a capacidade das viagens aéreas durante o Mundial. A renovação do sistema de esgotos, para poder absorver o impacto do enorme afluxo adicional de pessoas durante o Mundial, é outra das grandes obras. E uma das últimas a ser terminadas, como mostram algumas reportagens que dão conta da confusão que se mantéma ainda em algumas zonas de Doha.

O País também está a construir de raiz uma cidade inteira, no local onde foi erguido o estádio da final. Chama-se Lusail City, fica a 16 quilómetros do centro de Doha e pretende ter capacidade para 200 mil habitantes, com uma série de equipamentos de luxo que vão de hotéis a campos de golfe, marinas e parques de diversões. Junta-se a outra megaconstrução do Catar, já operacional mas ainda em fase de expansão, a ilha artificial The Pearl.

Foram também feitas de raiz novas estradas com mais de três faixas de rodagem ligando as principais cidades, mais de 100 novos hóteis e resorts, e modernos sistemas de refrigeração pública na cidade de Doha e município de Al Rayyan. Os estádios representaram apenas 5% do total dos custos, um valor que não ultrapassou os 11 mil milhões USD.

(Leia o artigo integral na edição 701 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Novembro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)