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Marrocos tenta segurar reuniões do BM e FMI em Marraquexe

APESAR DA DESTRUIÇÃO DO TERRAMOTO QUE FEZ MAIS DE 2.800 VÍTIMAS MORTAIS

A manter-se o calendário e a localização, é a primeira vez em 50 anos que as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial se realizam em África. O evento está agendado para a semana de 9 a 15 de Setembro, em Marraquexe, cidade que viu ruir parte significativa dos monumentos classificados como património mundial.

O governo marroquino quer manter as reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, agendadas para o período de 9 a 15 de Outubro, em Marraquexe, apesar da destruição provocada pelo terramoto de sexta-feira, 8 de Setembro, não havendo ainda informação oficial sobre a permanência do evento em Marrocos, que, a confirmar-se, será realizado pela primeira vez em 50 anos em território africano.

"Do ponto de vista das autoridades marroquinas, as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial realizar-se-ão como previsto. Não há nenhuma mudança de planos até agora", afirmou à Reuters fonte ligada à organização, informação que não foi comentada oficialmente pelo grupo do Banco Mundial.

No site do FMI não havia até ao fecho da edição, na noite de quarta-feira, qualquer informação sobre as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, a um mês da sua realização. Apenas está disponível online uma declaração conjunta, com a Índia, França, União Africana e União Europeia, divulgada durante a Cimeira do G20, que decorreu em Nova Deli, no fim-de-semana, sobre o terramoto.

"Com todos os nossos parceiros internacionais, estamos ao lado de Marrocos para prestar o apoio necessário a quaisquer necessidades financeiras urgentes a curto prazo e aos esforços de reconstrução. Para o efeito, mobilizaremos os nossos instrumentos técnicos e financeiros e a nossa assistência de forma coordenada para ajudar o povo marroquino a ultrapassar esta terrível tragédia", lê-se na declaração.

Enquanto ainda decorrem operações para encontrar sobreviventes do terramoto, que sacudiu a província de Al Haouz, a sudoeste de Marraquexe, provocando mais 2.800 mortos, o governo marroquino promete ajudar as famílias a reconstruir as habitações e tenta andar a contrarrelógio nos esforços de reconstrução para manter no país as reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI.

Grande esforço de reconstrução e preservação

Mas a extensão dos estragos é enorme e as operações de socorro e reconstrução são dificultadas pelo tipo de construção e pelo terreno acidentado das regiões remotas da cordilheira do Atlas, as mais afectadas pelo sismo de 6,8 na escala de Ritcher, o mais violento das últimas seis décadas. Em 1969, um terramoto destruiu a cidade de Agadir, na costa atlântica, provocando mais de 12 mil mortos.

Em Marraquexe, a quarta maior cidade do país com vários monumentos classificados como património mundial, os "danos são maiores do que esperado", de acordo com Eric Falt, director regional da UNESCO para o Magreb. "Notámos fissuras significativas no minarete da [mesquita] de Kutubiya, a estrutura mais emblemática, mas também a destruição quase completa do minarete de Kharbouch, na praça Jamaa el-Fna", descreveu Falt à France Press, após uma visita às zonas afectadas.

Várias secções das muralhas históricas também ficaram danificadas, assim como o antigo bairro judeu de Mellah, uma das zonas mais devastadas, com a destruição completa de habitações. Para o responsável da UNESCO, a destruição do património de Marraquexe será um desafio "a longo prazo" que vai exigir um grande esforço para a sua reconstrução e preservação.

Apoio internacional restringido a 4 países

Na aldeia de Tafeghaghte, à entrada do Atlas, nenhuma casa ficou de pé. "A aldeia cheira a mortos", resumiu Abdil, que perdeu "o pai, a casa e o dinheiro". As construções, maioritariamente em adobe, tornaram as casas numa armadilha e muitas pessoas ficaram soterradas nos escombros. Os sobreviventes vão sendo alojados em tendas, onde aguardam a ajuda que chega do governo e de associações que entregam comida, colchões e mantas, relatam as agências internacionais. As poucas casas que ficaram de pé oferecem pouca segurança e muitos temem o regresso a casa. Preferem ficar ao relento ou em abrigos improvisados, apesar do frio e das condições precárias.

Leia o artigo integral na edição 742 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Setembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)