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Opinião

Crescimento e emprego: o que se pode esperar até 2030? (II Parte)

LABORATÓRIO ECONÓMICO

As previsões do Governo (Relatório de Fundamentação do OGE 2023) são um misto de cautela e de pessimismo. Sem crescimento a criação de emprego não acontecerá, havendo evidências de um movimento inverso.

A Revista THE ECONOMIST, através do Grupo THE ECONOMIST INTELLIGENCE UNIT apresenta as suas previsões sobre o crescimento económico mundial, destacando os Estados Unidos da América - ainda a primeira economia do planeta - a União Europeia e a África Subsariana(1). As diferenças para com os valores do Fundo Monetário Internacional, apresentados mais atrás, não são expressivas, acreditando-se, portanto, numa convergência de expectativas sobre a evolução da economia e do comércio internacional. Não fossem as turbulências provocadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, ainda não sinalizadas as suas consequências sobre as economias africanas nas previsões destas duas instituições internacionais, dir-se-ia que a África subsariana estaria no bom caminho do crescimento económico.

Igualmente do domínio do desconhecido e do incerto se perfilam as consequências que determinados países africanos - alguns dos quais com peso significativo na economia africana - podem experimentar devido ao seu alinhamento contra os Estados Unidos e a União Europeia nas votações nas Nações Unidas condenatórias da invasão russa e da subsequente guerra na Europa, 77 anos depois de finalizada, com o estrondo conhecido, a Segunda Guerra Mundial.

A África do Sul, a Índia, a China e a Rússia definitivamente apostaram na criação de uma Nova Ordem Mundial de contraponto à influência secular dos Estados Unidos e da Europa, configurando-se a entrada da economia mundial numa espécie de bipolarização alargada, cuja confrontação económica é de desfechos incertos, mas seguramente de mau agouro. A posição do Brasil, nesta espécie de confronto diplomático no seio das Nações Unidas, é ainda titubeante, preferindo a diplomacia de Lula da Silva priorizar a recomposição das alianças com os países politicamente mais próximos, afastados por razões ideológicas pela governação de Jair Bolsonaro.

A criação da Nova Ordem Mundial parece imparável e não é só o resultado da invasão russa e dos diversos posicionamentos sobre a condenação da mesma, mas também fruto dos amoques, de há muito tempo a esta parte, da China, face às posições provocatórias dos Estados Unidos, a última das quais com a visita da hoje ex-Presidente do Congresso americano à República de Taiwan, no final de 2022. E o seu começo pode ser o grande conglomerado de países denominado BRICS, já anteriormente anotado, com mais de 21% do PIB mundial, 42% da população mundial, 45% da força de trabalho mundial, o maior poder de consumo do mundo e a mais elevada dinâmica de crescimento do globo. Destaca-se, igualmente, pela abundância e diversificação das suas riquezas nacionais (Rússia e Brasil são países continentais).

A terem conteúdo de verdade as mais recentes informações sobre a possível entrada da Argentina e da Arábia Saudita, então consumar-se-á a construção do mais importante espaço económico- -energético do mundo, criando- -se uma enorme expectativa quanto ao modo de se lidar com este facto, mormente da parte das economias mais desenvolvidas, dependentes dos países onde abundam os inputs energéticos de que necessitam.

A conhecida transição energética tenderá a ser fortemente acelerada, bem como os novos modelos de organização dos sistemas produtivos centrados na economia circular (ou a economia do não desperdício) e nas economias verde e azul (aproveitamento dos recursos haliêuticos e de outras matérias abundantes no subsolo marítimo).

As previsões do Governo (Relatório de Fundamentação do OGE 2023) são um misto de cautela e de pessimismo, neste caso em relação aos sectores minerais. Segundo o Governo "as previsões efectuadas dão conta de um crescimento médio anual de 3,95% para a economia nacional no horizonte 2023-2028, inteiramente suportado pelas perspectivas de crescimento do PIB não petrolífero, com uma taxa de crescimento média anual de 4,7% no mesmo período, contrabalançando os impactos negativos dos prognósticos de uma evolução negativa da produção petrolífera a partir de 2025, retomando o crescimento positivo a partir de 2028, implicando uma taxa de crescimento média anual da produção petrolífera negativa e da ordem de 1,5% entre 2024 e 2027".

O pessimismo está expresso no comportamento extremamente negativo da economia petrolífera, com uma recessão acumulada de -13,15% entre 2024 e 2028, podendo-se comprometer os excedentes orçamentais programados pelo Governo e o não aproveitamento de uma conjuntura internacional favorável ao petróleo.

(Leia o artigo integral na edição 709 do Expansão, de sexta-feira, dia 27 de Janeiro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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