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Opinião

Passamos de instituições económicas extractivistas para inclusivas?

CONVIDADO

As instituições políticas extractivistas concentram o poder nas mãos de uma pequena elite e impõem poucas restrições ao exercício do seu poder. As instituições económicas são então, em geral, estruturadas por esta elite com o objectivo de extorquir recursos ao resto da sociedade. As instituições económicas extractivistas seguem naturalmente as suas congéneres políticas. Na verdade, a sua sobrevivência dependerá, por inerência, de instituições políticas extractivistas.

As instituições económicas inclusivas são aquelas que permitem e incentivam a participação da grande massa da população em actividades económicas que fazem o melhor uso possível dos seus talentos e competências e permitem que os indivíduos façam as suas próprias escolhas. Para serem inclusivas, as instituições económicas devem incluir a segurança da propriedade privada, um sistema jurídico imparcial e uma gama de serviços públicos que proporcionem condições iguais para as pessoas trocarem e estabelecerem contratos, além de permitirem a entrada de novas empresas.

Nos últimos anos temos assistido a uma grande abertura na entrada de novas grandes empresas e muitas políticas internas de incentivo ao empreendedorismo. O que percebemos é que foi aberto o trilho onde acreditamos que a verdadeira forma de ganhar dinheiro é fundar o seu próprio negócio. Para isso, no entanto, é necessário capital - e de bancos que o emprestem. Hoje não existe uma relação de confiança entre os bancos e os empresários. Segundo alguns estudiosos, os africanos confiam menos uns nos outros do que confiam noutras pessoas, de outras partes do mundo.

As instituições económicas inclusivas requerem a partilha de poder (económico e político). Estamos preparados para aceitar este mundo de dualismo, estreitando a elite? Se outro grupo conseguir ultrapassar a elite dominante e assumir o controlo do Estado tornar-se-á o novo detentor da riqueza e do poder? São questões que nos levam a reflectir sobre que Estado queremos para os próximos 50 anos.

Na minha opinião, as instituições económicas inclusivas devem ser acompanhadas de mudanças de paradigma para que a população esteja preparada e compreenda que alcançar grandes objectivos e realizar sonhos não tem de ser um privilégio de poucos. Mas precisamos ter a concentração certa. O sucesso depende mais das nossas escolhas e acções do que de habilidades inatas.

Angola e os angolanos precisam urgentemente de começar a trabalhar em ideias simples e poderosas, procurando espaços em mercados inexplorados que tornem a concorrência irrelevante. Os países africanos caracterizam-se por espaços de mercado para recursos inexplorados, criando uma procura e crescimento altamente lucrativos, embora alguns países sejam explorados muito para além das actuais fronteiras sectoriais.

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