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Opinião

Banco Económico

Editorial

Aquilo que todos nós podemos perguntar, é porque nunca houve a vontade de saber quem são os culpados para o banco estar nesta situação? Agora que o julgamento do BES está a decorrer em Portugal, vai-se percebendo quem são alguns destes, até porque vai falar-se muito de BESA neste processo. Mas também não cola que os nossos dirigentes queiram agora passar a ideia que os grandes culpados foram os portugueses, que no final ainda nos roubaram dinheiro, e que nós aqui fomos todos prejudicados, branqueando as fortunas que se fizeram nos escritórios de Luanda.

A apresentação do relatório e contas do Banco Económico volta a trazer a instituição para o centro das notícias, leia-se comunicação social privada, porque ao nível dos órgãos públicos este é um assunto tabu, o que nos deve deixar a todos muito preocupados, porque significa que o Governo não quer que se fale. Mais preocupados ficamos quando percebemos que o capital próprio negativo já vai nos 628 mil milhões Kz, que as contas foram chumbadas pelo auditor externo e nos leva a desconfiar que este buraco pode ser ainda maior.

Os anos passam e o BNA vai "empurrando com a barriga", que significa mais uma auditoria, mais uma comissão para analisar o assunto, enquanto a instituição vai definhando, fechando agências, despedindo pessoas, vendendo os últimos activos que tem com algum valor a preços que podem ser questionados, percebendo-se que o ónus vai cair nas costas dos depositantes. Que possivelmente não irão reaver o dinheiro, com excepção dos 10 milhões Kz que a lei prevê.

Há quatro anos, pelo menos, que o Expansão vem a escrever que não tomar uma decisão é aumentar os prejuízos que se irão pagar no final da viagem. Isto também porque o Estado, leia-se o BNA e o Ministério das Finanças, nunca pareceram muito interessados em assumir uma solução. Percebe-se o melindre da situação porque o ex-BESA fez muitos ricos que hoje têm algum poder nos diversos sectores da sociedade e da política, e pelo que parece, não estão dispostos a fazer contas. E como dizem os mais velhos, "manda quem pode e obedece quem não pode".

Aquilo que todos nós podemos perguntar, é porque nunca houve a vontade de saber quem são os culpados para o banco estar nesta situação? Agora que o julgamento do BES está a decorrer em Portugal, vai-se percebendo quem são alguns destes, até porque vai falar-se muito de BESA neste processo. Mas também não cola que os nossos dirigentes queiram agora passar a ideia que os grandes culpados foram os portugueses, que no final ainda nos roubaram dinheiro, e que nós aqui fomos todos prejudicados, branqueando as fortunas que se fizeram nos escritórios de Luanda.

Entendo até que exista um pacto de silêncio, que 7 mil milhões USD, valor estimado por um ex-administrador da instituição para créditos que nunca foram pagos, possa "comprar" a memória de muitos e a muitos. Mas, por uma questão de brio, de transparência, de verdade, devíamos abrir esta "caixa de Pandora". Veremos se, entretanto, alguém que tenha a chave certa tem a coragem de o fazer. Por nós, vamos continuar a acompanhar o assunto, juntando documentos e depoimentos, para que um dia, com toda a certeza e segurança, possamos talvez, ajudar a abrir o baú.

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