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Opinião

Eleições gerais (10)

Editorial

O discurso fácil de que o País é rico e que vamos distribuir as riquezas pelos angolanos e vamos ser todos ricos, sem explicar como isso se faz, quais são os passos a dar, não é política económica, é apenas demagogia.

Quando estamos a chegar ao fim da segunda semana desta campanha eleitoral, pouco se tem falado de economia e finanças, a mensagem tem-se centrado na área social, na fraude, na CNE, nas bandeiras que me roubaram e coisas afins. Se na área financeira parece difícil um discurso de contestação, de novos caminhos, já na área económica me parece que a oposição teria espaço para trazer novas ideias e novas formas de acelerar o nosso desenvolvimento.

Até porque a diversificação económica não aconteceu, o PRODESI apenas sobreviveu por acção do Aviso 10, mas ainda assim ficou longe dos objectivos traçados em 2017, apesar das conferências bi-semanais do Ministério da Economia sempre com novos números, que espremidos, afinal eram apenas isso, números. Tal como aconteceu com o PREI, onde o discurso exagerado, a confusão dos conceitos, a propaganda, acabaram por "matar" algumas das coisas boas que efectivamente trouxe.

Por isso é com alguma estranheza que não vejo os candidatos a falar de política económica, de opções para o que tem sido feito nesta matéria. Isto porque, diga-se, o discurso fácil de que o País é rico e que vamos distribuir as riquezas pelos angolanos e vamos ser todos ricos, sem explicar como isso se faz, quais são os passos a dar, não é política económica, é apenas demagogia.

Andar a prometer oferecer os meios de produção, acreditar que é com a retirada das terras da esfera pública, que os angolanos vão a correr para as províncias plantar trigo se lhe derem benefícios fiscais, é no mínimo falta de bom senso. Por exemplo, não se discutiu como se deve organizar a agricultura no País, qual deve ser o papel do Estado, deve ou não pensar-se que os preços dos alimentos se resolvem com importações da Argentina e subsídios aos comerciantes para venderem barato à populações, ou pelo contrário com a implantação de reguladores por fileira de produto que garantam preços mínimos aos agricultores com uma campanha de avanço para que estes possam ser estimulados a plantar mais e a ter maior rentabilidade por hectare.

Deve ou não pensar-se que são as grandes explorações que nos vão "safar"? Serão mesmo as cooperativas a melhor forma de dar força e dimensão à agricultura familiar? As perguntas podem seguir-se para a pequena e média indústria, que vê os megaprojectos instalarem-se no território com incentivos principescos, sempre com os mesmos três ou quatro investidores internacionais atrás, enquanto têm de se debater com uma máquina fiscal complicada, que aparece todas as sextas-feiras para ver os mesmos papéis e colocar as mesmas questões?

Gostava que estivéssemos a discutir mais produtividade e desenvolvimento económico e menos "eu sou mais democrata que tu" ou "tu és mais corrupto que eu".