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Opinião

Eleições gerais (5)

EDITORIAL

Mais vozes do que aquelas que o líder da UNITA gostaria, já manifestaram internamente que não estão dispostos a "ceder" as suas posições aos que saíram e que agora poderão ser beneficiados com uma possível vitória do partido.

Enquanto a maioria se entretém com diplomas e notas, coisas que na verdade não têm nenhuma importância a não ser aquela que está ligada à avaliação do carácter das pessoas envolvidas, no interior dos partidos "fervem" os "jogos" de poder.

Com a apresentação da lista de deputados, no partido da maioria as forças mexem-se agora para garantir um lugar no próximo governo e nos lugares-chave das instituições públicas, com destaque para o BNA e a Sonangol. Existem sinais que alguns dos auxiliares da presidência e do governo poderão ficar, mas também se reconhece que há demasiados interlocutores a falar nos "corredores" em nome do Presidente, o que exige muito cuidado nas opiniões e nas alianças.

Um facto curioso é que vão "vazando" para a comunicação social informações sobre algum "mal-estar" entre os ministros, incómodos de relacionamento entre a equipa da presidência e os ministérios, atribuição cruzada de culpas pelos projectos não realizados até ao final da legislatura, com aquilo que os mais atentos vão entendendo - há claramente três linhas de influência junto do Presidente, sendo que cada uma delas está a trabalhar para "descredibilizar" as outras.

Que na verdade acontece sobre duas formas. Para aqueles ministérios em que o trabalho realizado é mais efectivo, utilizam-se as atitudes das pessoas responsáveis para empurrar para baixo. Para os ministérios que acabaram por não apresentar obra real, que passaram esta legislatura a falar muito e fazer pouco, apresenta-se apenas a incompetência.

Apenas uma chamada de atenção. Esta tentativa de garantir um lugar para si e para os seus aliados, expondo as fraquezas dos parceiros, pode pôr em causa os lugares de todos.

Na oposição a questão está também muito "animada". A UNITA sente que nunca esteve tão próximo do poder, mas vai ter de decidir sobre a abrangência da sua candidatura. Não passa apenas por acomodar na sua lista as correntes do PRA JÁ e do Bloco Democrático, mas também de alguns independentes com forte capacidade de mobilização popular e que seriam ministeriáveis em caso de vitória.

Mais vozes do que aquelas que o líder da UNITA gostaria já manifestaram internamente que não estão dispostos a "ceder" as suas posições aos que saíram e que agora poderão ser beneficiados com uma possível vitória do partido. A descredibilização de algumas figuras tradicionalmente associadas à oposição, mas que podem ter um papel importante nas próximas eleições, não está apenas a ser feita pelos concorrentes, mas também vem de dentro do próprio partido, como rapidamente se percebe por uma leitura atenta das redes sociais ou das mensagens que passam em alguns meios de comunicação social.

Na próxima semana, possivelmente, se ficará a saber qual será a abrangência da proposta de governação da oposição e como irão reagir os insatisfeitos. Poderemos ter algumas grandes surpresas. Que podem ajudar ou fragilizar, porque nestas coisas nunca há receitas "milagrosas". Mas quando mais tempo demorar a decidir, maiores serão os estragos...