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Opinião

O impacto do investimento privado sobre o crescimento económico e a criação de emprego

Laboratório Económico

Portugal apresentou dados impressionantes sobre a I&D no país, tendo a respectiva cifra atingido quase 2% do seu PIB (qualquer coisa como 5 mil milhões de euros (um metro de superfície em Luanda). Mas o mais impressionante foram as duas seguintes revelações: estas impressionantes verbas resultaram na produção de inovações concretas a serem utilizadas pela indústria, economia, medicina e engenharia.

Ou seja, a ligação perfeita I&D. A outra, relaciona-se com o acréscimo considerável da investigação feita nas e pelas empresas privadas, em domínios fundamentais para o seu crescimento e competência competitiva (cerca de 40% daquela percentagem).

Noutras paragens continua-se à espera das vacinas provenientes de doações (que não vão chegar, noticiando-se que a COVAX só terá enviado para África 10% do convencionado), permanece-se dependente de tecnologia importada, de know-how alheio, de modelos de intervenção económica do Fundo Monetário Internacional e de um desenvolvimento que vai continuar a tardar, porque os principais parceiros de África não se incomodam com a aplicação de estratégias desenvolvimentistas que funcionem. Nestas paragens continuam as frases feitas da parte de quem nos governa: aposta no capital humano, facilidade de acesso ao financiamento, apoio incondicional às medidas do Governo (da parte das suas organizações partidárias), aposta na recuperação da angolanidade, estudantes querem melhorar o ranking das universidades nacionais, etc. Como, na verdade, está a população? E as crianças? A campanha eleitoral para 2022 vai deixar na valeta os pobres, os indigentes, os miseráveis em defesa da vitória nas eleições.

O investimento é uma componente inultrapassável do crescimento económico. Por um lado, enquanto variável da procura agregada da economia e, por outro, como elemento da função de produção global. No primeiro caso - e ainda que tudo o mais permaneça constante - o investimento vai determinar o nível geral da actividade económica, factor de relevo para a melhoria das restantes condições de funcionamento da sociedade, com destaque para o nível de vida da população. É deste ponto de vista que os relatórios económicos das grandes instituições económicas e financeiras internacionais - Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, OCDE, OMC, etc. - analisam o crescimento económico mundial e o das várias economias nacionais que o compõem. Assim, o investimento é tratado comparativamente com os outros componentes da procura agregada, tais como o consumo privado, as exportações e os gastos públicos.

Em Angola, nos últimos anos, a chamada contabilidade do crescimento económico - coincidente com a análise das componentes do crescimento do ângulo da procura agregada da economia - foi amplamente favorável às componentes externas do Produto Interno Bruto, tais como o investimento privado estrangeiro no petróleo e nos diamantes e as exportações dos correspondentes produtos. Esta estrutura assimétrica nas duas mais importantes variáveis do crescimento económico do nosso País, consequencializa resultados perversos, tais como a extroversão, a transferência duma importante percentagem de renda para o exterior, a dependência do comportamento dos mercados mundiais (preços e procura) e, talvez o mais importante efeito das economias rendeiras, a doença holandesa, que deprime o resto da economia e piora as condições gerais de vida das populações.

*Economista

(Leia o artigo integral na edição 637 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Agosto de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)