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Opinião

O nosso barco

EDITORIAL

Podemos não estar de acordo com a composição da tripulação, com a forma como remam, o caminho que escolheram, mas isto tem de andar para a frente.

Passado o momento eleitoral, nomeado o governo e os governadores, feitas as primeiras opções, o momento é de voltar a pôr o País a navegar, depois de quase três meses em que esteve quase parado. O barco apesar de frágil mantêm quase a mesma tripulação, não pode certamente ser por mérito, mas quero acreditar que é por estratégia.

Depois de três meses de paragem, com vários projectos por acabar nas mais diversas áreas, o melhor é manter estes, com uma ou outra troca apenas onde era impossível não o fazer, navegar nestas condições e preparar uma grande reparação lá mais para a frente, quando as águas nacionais e internacionais estiverem mais calmas. Talvez os custos sejam menores, e provoque menos turbulência.

Também não quero acreditar que não se fizeram mais alterações à tripulação porque o comandante acha que não há mais ninguém no seio da sua família que possa avançar. E também não quero acreditar que o comandante mantenha essa ideia que no nosso barco só podem entrar os marinheiros que foram treinados por nós, no seio do nosso partido, e que aqueles que não quiseram frequentar a nossa escola, não são dos nossos.

Uma "cambada de revús" que se entrarem no nosso barco só irão boicotar o nosso caminho, que têm a mania de pensar por si, de contestar o rumo e, por isso mesmo, não nos servem. Aqui a camisa é igual para todos, o grito é uníssono e não pode haver vozes desafinadas. Pelos menos em público, porque na tranquilidade da mesa de domingo, muitos destes marinheiros uniformizados também dão as suas opiniões sobre as más escolhas do rumo.

Chegado a este momento, com os desafios que aí estão, o momento é de assoprar nas velas do navio com o máximo da força dos nossos pulmões. E isso depende de todos. Podemos não estar de acordo com a composição da tripulação, com a forma como remam, o caminho que escolheram, mas isto tem de andar para a frente. Até porque a maioria de nós não tem botes de salvação para chegar à Europa, aos Estados Unidos ou ao Dubai, se o barco começar a meter água. E, que raio, o barco também é nosso e vamos passar nele a nossa velhice.

Por isso também tenho inúmeras críticas a fazer aos que desejam que o navio se afunde, que propositadamente trocam óleo por cimento nas junções a que têm acesso. E também aos que, estando nas margens, tentam que os tripulantes e os passageiros se mantenham em discussões intermináveis, que peguem fogo às amarras, para depois sermos obrigados a implo[1]rar pelo salvamento. Eles, que na verdade construíram casas confortáveis em terra, e que jamais voltarão ao navio.

O momento é nosso. Se todos dermos o nosso melhor, fo[1]mos produtivos e eficientes nas nossas funções, não alimentarmos esquemas, o barco acabará por chegar a uma ilha com lugar para todos. Mesmo que seja por um caminho mais longo.