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Opinião

Soluções para a economia

Editorial

Temos de mudar a nossa política económica e de tomar medidas urgentes para salvar a capacidade produtiva nacional. Não vale a pena estar a construir um cenário mediático diferente, pois não vai ajudar em nada. É necessário identificar os problemas, propor soluções e implantá-las.

Nas três últimas semanas, a comunicação social pública, nas suas diversas vertentes, aproveitando os seus jornais, rádios e televisões, numa estratégia concertada, publicou uma série de matérias tentando passar a ideia que a economia do País está a crescer, que está tudo a correr bem em termos de diversificação, que o ambiente de negócios em Angola é atractivo, e que se não há um maior desenvolvimento económico, a culpa deve ser atribuída à falta de qualidade dos empresários. Porque o Governo tem a estratégia correcta, o Estado criou todas as condições, e não há justificação para as queixas dos agentes económicos.

Mas a realidade é completamente diferente. Todos sabemos, inclusive os promotores destas notícias e desta estratégia. Por isso, o Expansão pediu a 15 personalidades de indiscutível reconhecimento pessoal e profissional nas mais diversas áreas da economia, alguns deles com passagens pelo Governo ou pela gestão das maiores empresas públicas, que identificassem os problemas da economia de Angola e que trouxessem as soluções que deveriam ser implementadas.

O resultado é o contributo do Expansão para que possamos ter uma economia melhor, embora tenhamos todos a consciência de que muitos dos nossos governantes não ouvem, porque com esta coisa do culto da personalidade, que erradamente a nossa sociedade assumiu, quando chegam ao Governo ficam embutidos de uma aura em que acham que têm sempre razão, que quem pensa diferente é inimigo, refugiam-se numa "cloud" cor-de- -rosa onde está tudo bem, alimentada pela comunicação social pública e, por isso, não há nada para discutir ou mudar.

E isso está a fazer muito mal ao País. Em termos económicos, passamos por um momento muito difícil, onde o Estado não tem liquidez para assumir o compromisso que fez com os sindicatos para ajustar os salários da Função Pública, que tem de fazer uma emissão de 1.200 milhões USD em eurobonds à pressa para colaterizar um empréstimo de metade desse valor, porque precisa de dinheiro já, onde os projectos estruturantes são sistematicamente adiados pois não há verbas para os implementar (exemplos do Planagrão, Planapescas e Planapecuária). Embora em abono da verdade se tenha de dizer que estes planos estão completamente desfasados das capacidades e da realidade do País.

Esta estratégia de dizer e falar uma coisa e, na prática, ser outra muito diferente está a asfixiar a nossa sociedade. Porque as condições de vida estão a piorar, a pobreza está a crescer, os recursos estão a ser gastos em juros e custos financeiros de verbas que servem apenas para safar a tesouraria e não têm efeito multiplicador. Temos de mudar a nossa política económica e de tomar medidas urgentes para salvar a capacidade produtiva nacional. Não vale a pena estar a construir um cenário mediático diferente, pois não vai ajudar em nada. É necessário identificar os problemas, propor soluções e implantá-las. Por isso, deixamos aqui a nossa contribuição na voz destas 15 personalidades. Que faremos questão de enviar para a Presidência e para os responsáveis pela política económica, na esperança de que alguma das mensagens seja ouvida.

Esclarecer os nossos leitores e anunciantes que a partir desta edição o jornal passa a ter um custo de capa de 2.000 Kz, tendo em conta o aumento dos custos de impressão, lembrando que o preço anterior se mantinha desde 2020. Pedimos a todos a maior compreensão e deixamos o apelo que continuem a comprar o "nosso" Expansão.

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