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"As mulheres podem fazer as mesmas coisas que os homens, sem problema"

MAYOMONA VUA

Foi grande prémio Ensa Arte na disciplina de Escultura em 2016, tendo conquistado outras categorias em anos anteriores. Disse que as suas obras já vendem bem e que pretende viver apenas da arte. Até 31 de Agosto, participa na exposição "Nossa Arte", na Sky Gallery.

Como surge o seu interesse pelas artes?

O interesse pelas artes plásticas surge quando eu tinha os meus 7 anos de idade. Na altura, gostava muito de apreciar as revistas de banda desenhada, sobretudo o pato Donald, o rato Mickey e o Mankiko, entre outras. Na medida que eu apreciava estas revistas, também sentia a vontade de imitar os desenhos e foi aí que, pouco a pouco, entrei para mundo das artes.

Há quanto tempo está neste mundo?

Há mais de 20 anos que estou neste caminho.

Quantas exposições individuais já fez?

Individuais, fiz duas. A primeira exposição foi em 2000, na galeria da Alliance Francesa, que ficava à entrada da Ilha de Luanda. Em 2019, tive o privilégio de realizar a segunda exposição, no Memorial Agostinho Neto, foi em homenagem ao meu grande mestre e mentor, que foi o meu pai.

O seu pai também é artista?

Foi artista, o Adolfo Quissengumuca. Ou seja, embora me tenha inspirado na banda desenhada também tive o meu pai como inspiração.

Como é que chega à exposição Nossa Arte, que está patente no Sky Gallery, no edifício da Eskom?

Na altura, vinha da participação no concurso Ensa Arte, e tinha na minha posse as obras com as quais tinha participei neste concurso, onde não obtive nenhuma classificação, e o Adão Mussungo fez- -me o convite para participar na exposição Nossa Arte. Então, disponibilizei cinco obras, que estão patentes até ao final de Agosto.

O que se reflecte nas obras, ou, então, o que é que as suas obras reflectem?

Estas obras reflectem o nosso quotidiano. A obra "celebramos a cultura ao pôr do sol" mostra dois indivíduos que, por algum motivo, de satisfação e alegria, estão exaltando a cultura, ao som do batuque e da marimba. "A vida é um jogo, não sejas uma marioneta nas mãos de outros" é uma obra que, em suma, representa aquilo que já tem sido muito comum dentro das famílias, na comunidade e na sociedade, onde as pessoas são manipuladas. Temos a "ser ou não ser" questiona os limites da própria arte. Depois vem esta, que representa o "traquejo" do género feminino, em que uma mulher toca um corno de um animal e, ao mesmo tempo, toca a marimba. Isto para mostrar que as mulheres podem fazer as mesmas coisas que os homens sem problema nenhum.

Fez uma formação em arte ou é autodidacta?

Fiz formação em arte. Em 2003, entrei na escola que, na altura, era o Instituto Médio de Artes Plásticas que, actualmente, é a Biblioteca da Cultura. Foi lá onde fiz os quatro anos de formação e finalizei na especialidade de pintura. E depois dali tornei-me autodidacta, mas com muita investigação, apreciação e muito esforço na dedicação do trabalho e, hoje, realmente os meus trabalhos são o que são.

Consegue vender bem as suas obras?

Além de vender, já tive vários prémios. Por exemplo, só no prémio Ensa Arte já tenho três prémios. Em 2012, ganhei o prémio Alliance Française. Na altura, beneficiei de uma viagem a França, onde tive a oportunidade de fazer parte de uma residência artística, tivemos intercâmbio entre os artistas, foi muito bom. Tive a oportunidade de estar no Louvré e noutros museus. Em 2014, participei novamente no Ensa Arte e fui o segundo classificado, na especialidade de Pintura. Em 2016, voltei a participar e tive o privilégio de ser o primeiro classificado na Escultura.

Mas conquistou mais prémios?

Sim. Participei no concurso realizado pela Embaixada da Itália, Mirella Castagnoli em 2008, participei e fui o primeiro classificado, em 2010 fui o segundo classificado. Em 2011, fui o terceiro classificado. São os prémios que tenho no mundo das artes. Tem sido bom para mim e motiva-me a dar o meu melhor. Não só para engrandecer os artistas, a nível nacional, mas também despertar o interesse dos demais.

Disse que também é pasteleiro...

Sim, são duas formas de fazer arte. Muita coisa que fazemos nas artes plásticas também podemos fazer em pastelaria. Hoje já podemos ver um bolo em espécie de máquina fotográfica, uma cadeira ou uma mesa. Os pasteleiros profissionais podem realizar este desejo do cliente sem qualquer problema.

Sente-se mais artista plástico ou confeiteiro?

Sou artista plástico. Digo isto porque comecei nas artes plásticas com os meus 16 anos, hoje tenho 42 anos e continuo.

Vive das artes?

Sim. Tanto é que desejo traba[1]lhar apenas com arte.

Já é possível?

É possível