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"Nos últimos 15 anos, há uma certa tendência para elevar a mediocridade"

TOTÓ, MUSICO

Vai disponibilizar os álbuns "Ava-tar" e o "Flavors of time" em simultâneo no Palácio de Ferro dia 15 de Outubro, com número de exemplares reduzido para homenagear quem ainda usa ou colecciona CD"s, mas as músicas já estão disponíveis em plataformas digitais como o iTunes. O músico pensa num projecto de Nação para mudar o actual quadro cultural.

Duas obras preparadas a caminho do mercado. Sim, são duas obras. O "Ava-tar" e o "Flavors of time". O "Ava-tar" é mais no contexto angolano, isto do ponto de vista de texto e mesmo na elaboração musical. Como escolheu os títulos das obras?

No "Ava-tar" há uma certa dificuldade em explicar isto, primeiro porque há alguns anos atrás recebi um tipo de iniciação pessoal e tive algumas transformações. Se quisermos traduzir avatar assim, significa o mensageiro dos planos subtis para a realidade. Já o conceito do "Flavors of time" é trazer a música dos anos 1970, 1980 e 1990 e trazemos o funk, soul, R&B.

Escreveu as músicas dos dois discos ou teve colaboração?

Todas as músicas foram escritas por mim. É assim desde o princípio da carreira, com a particularidade de que produzi todas as músicas do álbum "Ava-tar". É cantado em português e línguas africanas. Não tem participações porque é a essência do artista. Já o álbum "Flavors of time" teve uma produção em parceria com o Rolland, um pianista, um jovem muito talentoso do Lobito. Temos também a participação da Hilassa, também muito talentosa.

Quanto tempo levou para preparar os dois discos?

Na verdade, lancei o álbum "Nga Sakidila" em 2019 e teve, se quisermos, o azar de encontrar a pandemia. Não diria que foi uma fase totalmente má, em termos pessoais, do ponto de vista geral ceifou vidas, mas também fez com que as pessoas olhassem mais para dentro de mim, aliás, isto fez com que eu começasse a produzir estes dois álbuns.

Em tão pouco tempo?

Sim. Senti que no álbum "Nga Sakidila" não trouxe o que realmente eu queria trazer, senti que não houve a profundidade que queria, daí comecei a intuir, se posso dizer, ideias disto e daquilo até ouvir, por intuição, o nome "Ava-tar". Penso que o processo levou uns três anos, neste período eu produzi o equivalente a sete álbuns. Foram dois álbuns para outros artistas, mais três para mim e outras músicas soltas. Então, foi um período de bastante criatividade.

E aspectos como o financiamento?

Estou a trabalhar com a "17 a 7" e a CEO da produtora, Astrid Bailo é quem normalmente dá um suporte. Já bati em determinadas portas e nunca recebi um `sim", mas isto não é uma coisa que me faça desistir. Então a Astrid tem estado a apoiar também com as finanças, ela faz a produtora executiva. E comecei a trabalhar com a Nakenis, que vai cuidar da minha imagem.

Quanto ao lançamento, vão ficar por Luanda ou vão a outras províncias?

Ainda estamos a estudar. Lançaremos a primeira `pedra" no dia 15 de Outubro, no Palácio de Ferro. Para já, fizemos cópias reduzidas, não vou adiantar quantas, mas sabemos que aos poucos o CD físico começa a ser descontinuado e muitos já não usam, mas há aqueles tradicionais que ainda sentem-se conectados com o CD, os coleccionadores, os que dão suporte ao artista.

E as plataformas digitais?

Começamos a colocar as músicas nas plataformas digitais ainda em Agosto. Criamos uma campanha para sabermos onde é que anda a atenção do público e fomos para lá. Isto serviu para a promoção da obra, há um grosso que conhece as músicas, sobretudo do álbum "Ava-tar", as pessoas já têm músicas preferidas por causa desta promoção. Após o lançamento do CD físico, vamos lançar também em duas plataformas digitais nacionais.

Acha que a "morte geral" do CD está mais próxima de acontecer?

Penso que morrer, não. No meu entender, podemos ter o exemplo do vinil que agora começa a voltar. E quem o consegue demonstra uma certa vaidade... Sim. A minha realidade agora é entre Angola e França, e lá, vejo muitos aparelhos de vinil a serem vendidos. É mais uma questão de preservação da história, sinto que o CD também vai caminhar nesta direcção. Ele já não é consumido como era, mas não acredito que será completamente extinto.

(Leia o artigo integral na edição 694 do Expansão, de sexta-feira, dia 30 de Setembro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)