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"Retrato as minhas experiências e as das mulheres com quem convivo"

JOANA TAYA

A artista plástica tem a sua exposição em exibição no Espaço Luanda Arte, desde Abril, que apresenta mulheres mutiladas, seja de forma física, mental ou emocional, e que buscam nas "sombras preciosas" o equilíbrio da sua existência. A exposição está disponível até 31 de Maio.

"Precious shadows" (sombras preciosas) está em exposição na galeria Espaço Luanda Arte, até 31 de Maio. Como foram criados estes trabalhos?

Realizei 13 peças, que fui pintando como se fosse escrevendo pensamentos e desabafos num diário, durante um ano.

A sombra pode representar um lugar de descanso. Encontra muitas sombras para fugir da pressão inerente à vida?

A sombra, neste caso, tem a ver com o que é ser um ser humano. No sentido que somos seres de luzes e sombras, em que os dois lados são necessários para sermos quem somos. E só aceitando que temos estes dois lados é que podemos viver em equilíbrio.

Foi como viajar com o livro que inspira as peças?

O livro que inspirou o título da exposição conta uma história precisamente sobre esta aceitação, de ver a sombra (emocional ou física) como uma extensão de quem somos.

A imagem corporal feminina continua a ser o seu objecto preferido para trabalhar?

Como mulher, expresso no meu trabalho um ponto de vista feminino, porque retrato as minhas experiências e as das mulheres com quem convivo. As minhas personagens são mulheres, porque pinto numa perspectiva da minha própria imagem e do meu ser numa busca de liberdade.

"Cicatrizes, riscos e gravuras que são constantes memórias de histórias que me marcaram". O que significa?

Estas mulheres pintadas, como eu, são mulheres mutiladas, seja nas formas físicas, mentais ou emocionais. Somos indivíduos com um colectivo de experiências e traumas, em processos de recuperação e em busca de paz interior e auto- -conhecimento.

Diz que "não é fácil ser mulher numa sociedade onde temos de ser fortes para não abdicar da nossa auto-estima, por consequência do meio social". Como é que encara esta realidade?

A imagem corporal feminina é um tema que nós, como mulheres, somos relembradas diariamente, em que, queiramos ou não, num sentido positivo ou negativo, existe uma diferença social de género.

A mulher é mais fragilizada.

Por exemplo, uma mulher a circular sozinha à noite na rua tem possibilidades e consequências diferentes em relação aos homens. Isto só para dar um exemplo geral, de que a imagem feminina tem uma percepção diferente. Depois, se aprofundarmos em camadas mais profundas, entramos num contexto hereditário, histórico, político, social e cultural. Não é fácil ser uma mulher numa sociedade patriarcal.

Sente que tem de fazer algo a mais para provar o que vale por ser mulher?

Não é uma questão de provar o meu valor enquanto mulher. Tem a ver com criar espaço para um diálogo construtivo, de forma a criar uma empatia e tolerância de uns com os outros, independentemente do género.

De que forma organiza as suas exposições?

Gosto de expor todos os anos. O ideal seria uma a duas vezes por ano. Gosto de ter metas ao longo do ano.

Os patrocínios e financiamentos influenciam as suas decisões? Ou seja, podem fazer com que reveja o seu calendário de exposições?

Não tenho patrocínios. Normalmente, a galeria cobre a montagem dos quadros e o espaço. Para esta exposição, trabalhei com a galeria ELA. Após a compra dos materiais, por conta própria, criei as obras em Portugal e, depois de um ano de criação, fiz a entrega das obras à galeria, que depois as monta em traves e prepara para a abertura e exposição das obras.

Leia o artigo integral na edição 723 do Expansão, desta sexta-feira, dia 5 de Maio de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)