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Equipa de Ricardo D'Abreu com missão de retirar o BPC da maior crise da sua história

PRIORIDADES

O novo homem forte da instituição compromete-se a restaurar a notoriedade e o papel central do Banco de Poupança e Crédito (BPC). Garante que irá reconduzir a instituição a uma trajectória de sustentabilidade e rentabilidade durante os quatro anos de mandato.

O recém-empossado presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva do Banco de Poupança e Crédito (BPC), Ricardo Viegas D"Abreu e a sua equipa têm a missão de tirar o banco público da maior crise dos seus 41 anos de existência.

Um antigo responsável máximo do BPC, que não quis ser identificado, disse ao Expansão que nunca antes, ao longo da sua história, o banco viveu uma crise tão acentuada como a actual.

"É a maior crise da história do BPC. Quando eu lá estive também haviam crises, mas eram residuais e pouco visíveis. Hoje o volume de crédito é muito alto em relação à disponibilidade financeira", lamenta, adiantando recear que no banco de capital 100% público aconteça o que ocorreu no BESA.

Na quinta-feira, depois da tomada de posse dos actuais órgãos sociais do BPC, Ricardo Viegas D"Abreu comprometeu-se em tudo fazer, "para restaurar a notoriedade e papel central da instituição enquanto principal parceiro financeiro do Estado e reconduzir o banco a uma trajectória de sustentabilidade e rentabilidade".

Aos clientes do banco, o responsável garantiu que "a prioridade é repor a capacidade operacional do BPC para que os clientes, quer sejam empresas ou particulares, consigam confiar no propósito de prestação de um serviço integral".

A queda do BPC passou a ser visível em Outubro de 2016, quando o então homem forte da instituição, Paixão Júnior, foi exonerado da função de PCA do banco, onde ficou mais de 15 anos. Por ocasião da tomada de posse do conselho de administração que o sucedeu, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, anunciava, publicamente, que o banco seria alvo de um processo de saneamento e de reestruturação, pois a carteira de crédito malparado ascendia aos 218,418 mil milhões Kz.

O ministro admitiu que o BPC vivia "um momento muito particular da sua história", razão pela qual seria necessário aplicar medidas para inverter a situação negativa.

Esperava-se que quem fosse substituir Paixão Júnior, no caso, Cristina Van-Dúnem e Zinho Baptista, respectivamente presidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva, alterassem o quadro negativo. Situação que, entretanto, não chegou a acontecer, porque depois de cinco meses de gestão, o accionista decidiu, por deliberação, que o banco tinha que ficar sob gestão corrente, até que no dia 24 de Março exonerou o conselho de administração.

Devido à degradação da carteira de crédito do maior banco do País, os accionistas do BPC delinearam um Plano de Reestruturação e Recapitalização da instituição, que no dia 09 de Março foi aprovado pelas comissões Económicas e para a Economia Real do Conselho de Ministros, onde ficaram definidas as regras para o controlo mais rigoroso do banco.

Segundo o comunicado final da reunião de carácter ordinária, orientada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o objectivo das regras era o de optimizar os custos operacionais e aperfeiçoar o modelo de governação do BPC, tornando o banco mais adequado às exigências do mercado financeiro e às normas internacionais.

A nova equipa que vai dirigir os destinos do banco estatal durante o quadriénio 2017 a 2021, viu os accionistas aprovarem o aumento do capital social do banco público no valor de 90 mil milhões Kz, a realizar por todos os accionistas na proporção da sua participação.

Estado endivida-se para salvar o banco público

A 02 de Fevereiro de 2017, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, autorizou uma emissão de 67,5 mil milhões Kz em dívida pública, correspondente a 405 milhões USD, para resgatar a instituição.

Um outro decreto assinado pelo PR, datado de 15 de Setembro de 2016, autorizou a emissão de Obrigações do Tesouro no valor máximo de 231,127 mil milhões Kz, equivalente a 1,375 mil milhões USD a favor da Recredit - Gestão de Activos, que funciona como uma espécie de "banco mau" do BPC, que em Novembro passou a ser controlado por Ricardo D"Abreu. Aquando da cria- ção desta sociedade, totalmente detida pelo Estado, a Lusa divulgou um documento governamental que abordava a "necessidade do Estado proceder à gestão de determinados activos financeiros" do BPC, "através de uma entidade que se dedique de modo exclusivo a esta actividade".

Somadas as duas emissões, o Estado vai endividar-se em cerca de 300 mil milhões Kz, o equivalente a cerca de 1,8 mil milhões USD, para resgatar da falência o maior banco angolano.

Saiba mais aqui: BPC vai cortar 1.200 postos de trabalho e encerrar 124 balcões até ao final de 2018

CRONOLOGIA BPC

1991

Nasce o BPC, sucedendo ao Banco Comercial de Angola (1956-1975) e ao Banco Popular de Angola (1975-1991), quando o Governo iniciou a implementação da reforma do sector financeiro e aprovou uma nova legislação

2001

Paixão Júnior, o Presidente do Conselho de Administração com mais anos de gestão do BPC, substitui Amílcar Silva

Jul 2015

BPC suspende todo o tipo de créditos

Jul 2016

É criada a Sociedade Anónima de capitais públicos Recredit, "o banco mau" para gerir activos tóxicos do BPC Set 2016 PR autoriza emissão de 231 mil milhões Kz de dívida pública para Recredit

Out 2016

Sai Paixão Júnior e entra Cristina Van-Dúnem. Ministro das Finanças, Archer Mangueira, anuncia reestruturação do maior banco estatal

Fev 2017

PR autoriza emissão de 67,5 mil milhões Kz de dívida pública para aumentar capital

Mar 2017

Ricardo Viegas D"Abreu é empossado como novo homem forte do BPC