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Uso de pré-pagos lá fora cresce 997% em 5 anos para 773,5 mil milhões Kz

CADA VEZ MAIS ALTERNATIVA ÀS TRANSFERÊNCIAS INTERNACIONAIS

São vários os factores que explicam a cada vez maior utilização deste tipo de cartões por angolanos no estrangeiro. Há cada vez mais angolanos a ir viver e a viajar para fora do País, e face às dificuldades e morosidade das transferências bancárias esta tem sido a solução. Desvalorização também pesa.

O valor gasto com cartões pré- -pagos no estrangeiro registou uma evolução de 997% nos últimos cinco anos, ao passar de 70,5 mil milhões Kz em 2019 para 773,5 mil milhões Kz em 2024, de acordo com cálculos do Expansão baseados nas Estatísticas do Sistema de Pagamentos do Banco Nacional de Angola (BNA) recentemente divulgados. No mesmo período, o número de operações realizadas cresceu 712% de 2,0 para 16,2 milhões.

Este crescimento do valor gasto com cartões pré-pagos no estrangeiro foi impulsionado tanto pela desvalorização de 48% da moeda nacional nestes cinco anos (são necessários mais kwanzas para gastar o mesmo volume de dólares), como pelas crescentes dificuldades na realização de transferências para estrangeiro junto dos bancos comerciais, defendem os especialistas ouvidos pelo Expansão.

O economista Heitor Carvalho explica que a desvalorização cambial aumentou significativamente os custos (em kwanzas) para realizar transferências internacionais, já que se gasta muito mais hoje em kwanzas para usar lá fora a mesma quantidade de moeda estrangeira do que em 2019. Além deste factor, o economista acredita que os clientes bancários passaram a preferir usar cartões pré- -pagos a realizar transferências internacionais, tudo devido às dificuldades que enfrentam na realização destas operações. "Devido às restrições administrativas e da morosidade para o recebimento das transferências efectuadas, os cartões pré-pagos tornam-se na alternativa mais fácil" concluiu.

Já o presidente da associação angolana de defesa do consumidor de serviços e produtos bancários (ACONSBANC), Nelson Prata, entende que o aumento dos gastos com cartões pré-pagos nos últimos anos está directamente ligado à falta de outras soluções para suprir as despesas das famílias no exterior do País. Devido às dificuldades de acesso a divisas enfrentadas pelos bancos comerciais, que se agravou nos últimos anos, levando a uma incapacidade de dar resposta às necessidades dos consumidores bancários, estes viraram-se para o uso destes cartões como alternativa.

Além das famílias que têm, por exemplo, filhos a estudar no exterior e precisam de enviar dinheiro periodicamente para o estrangeiro, é preciso também lembrar que as transacções com cartões de marca internacional se tornaram uma fonte de renda de muitos. Surgiram como consequência da escassez de divisas negócios em torno destes cartões, concluiu Nelson Prata.

Vale ainda ressaltar que o total movimentado com cartões pré- -pagos no estrangeiro em 2024 é o valor mais alto dos últimos 5 anos, e com o maior número de operações realizadas, o que indica um contínuo crescimento no número de usuários dos cartões pré-pagos de marca nacional no exterior do País. Para se ter uma ideia, só no último ano, foram gastos 79% do valor global gasto nos últimos cinco anos. De acordo com cálculos do Expansão, desde 2019 os angolanos já gastaram no estrangeiro com cartões pré-pagos cerca de 980,8 mil milhões Kz em mais de 33 milhões de operações.

Gastos cresceram 41% em termos homólogos

Já em termos homólogos, os pagamentos e levantamentos com cartões pré-pagos de marca internacional registaram, em 2024, um crescimento de 41% em relação aos 549,4 mil milhões Kz registados no ano anterior, de acordo com cálculos do Expansão. Por outro lado, o número de operações efectuadas em 2024 cresceu 37% em relação ao ano anterior, o que pressupõe que foram movimentadas quantias mais avultadas. Ou seja, gastou- -se mais em menos operações.

Na base desse aumento do volume das quantias movimentadas em cada operação realizada pelos angolanos no estrangeiro está o facto de serem hoje necessários mais kwanzas para realizar as mesmas operações de pagamentos em dólares ou em euros que se realizavam no ano passado.

No total, em 2024 foram registadas 16,2 milhões de operações, mais 4,4 milhões do que no ano anterior. Em 2023 foram realizadas com pré-pagos no estrangeiro 549,4 mil milhões Kz em 11,8 milhões de operações.

Leia o artigo integral na edição 811 do Expansão, de sexta-feira, dia 31 de Janeiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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