Assembleia geral de accionistas em Abril decide o futuro do Jumbo
O Jumbo está a "morrer". Aquele que foi o primeiro hipermercado em Angola, inaugurado 1973, está hoje longe dos seus tempos áureos. Prateleiras vazias, produtos com data de validade a expirarem, poucos clientes e funcionários dão um aspecto de decadência daquele espaço comercial.
A assembleia geral de accionistas que decorre em Abril vai ditar o futuro daquele que foi o primeiro hipermercado de Angola, o Jumbo, que este ano assinala o 50.º aniversário, revelou ao Expansão o Presidente da Comissão Executiva (PCE), Assunção Barros.
Ainda antes da independência, em Agosto de 1973, era inaugurado em Luanda o primeiro hipermercado do país, num evento que levou centenas de pessoas ao estabelecimento que se situa na Estrada de Catete. De lá para cá, este hipermercado de origem francesa foi perdendo fulgor e hoje as prateleiras não escondem a falta de abastecimento de produtos devido à crise que se abateu sobre a empresa que o gere que enfrenta dificuldades para pagar aos seus fornecedores.
Numa ronda que o Expansão fez ao estabelecimento esta semana verificou que não há produtos nas prateleiras de alimentação saudável, alimentação infantil e nos congelados. E fechadas também estão as áreas de lacticínios e a charcutaria. São também poucos os clientes a circular no hipermercado, num cenário de quase abandono semelhante ao que aconteceu no supermercado Kero Gika antes do seu encerramento em Agosto de 2021.
Questionado pelo Expansão sobre o cenário que encontrou, o PCE Assunção Barros admitiu que o hipermercado está a atravessar um momento difícil e que a solução está nas mãos dos accionistas, lembrando que apenas se encontra na empresa há dois anos. "Tivemos uma administração na gestão mais de 40 anos. Nós assumimos a empresa em situação muito difícil, sem desmerecer aquelas que foram as estratégicas dos nossos antecessores, pois tinham um projecto de expansão, quando a rede de distribuição começou a ser mais competitiva com a entrada de novos operadores. Porém, neste momento, estamos a fazer uma gestão de crise, não de implementação de projectos. Mas teremos a assembleia-geral em Abril onde vamos tomar uma decisão. Não podemos continuar em crise como estamos hoje", revelou.
E acrescentou: "Em dois anos encontrámos alguns projectos sim e, elaborámos outros de expansão, mas os accionistas é que têm o direito de decidir o futuro da empresa, por isso, vamos comemorar os 50 anos num ambiente de gestão de crise. Não temos grandes sonhos, nem momentos para festejar, porque não estamos bem". Ao que o Expansão apurou, entre os accionistas do Jumbo estão actualmente o grupo GEFI, uma sociedade anónima que é o braço empresarial do MPLA.
A definhar aos 50 anos
Ao longo dos anos, a rede de hipermercados e supermercados na cidade de Luanda disparou, o que acabou por ir deixando para segundo plano o Jumbo. Conforme o PCE, além do problema de liquidez que a empresa tem há vários anos, o Jumbo tem problemas "muito graves" para resolver, ligados à orientação de decisão estratégica. "Desde que os outros operadores foram ganhando quota de mercado, o Jumbo começou a ter dificuldade na manutenção e fidelização dos seus clientes", disse. O gestor adiantou ainda que "tem de se chegar a uma altura em que se tem que definir um ponto de viragem, e é isso que estamos à espera, e está nas mãos dos accionistas".
Actualmente o Jumbo conta com 300 funcionários, sendo que 150 trabalham na loja. Enquanto os accionistas não respondem às preocupações dos gestores, os responsáveis vão continuar a fazer a gestão de crise. "Com os poucos recursos que temos, vamos procurar manter as portas abertas, até que haja uma solução na perceptiva que visamos", frisou.
De acordo com PCE, na última assembleia foi aprovado o projecto de expansão, que não está fácil de implementar, e os gestores pretendem encontrar parceiros adequados, sendo que uma das dores de cabeça da direcção é o reabastecimento da loja. "Temos problemas com os fornecedores, porque não temos capacidade para lhes pagar", contou.
Num mercado onde cada vez mais têm nascido novas superfícies comerciais, nesses 50 anos, o Jumbo não apostou na expansão da sua marca a nível nacional, ficando apenas instalado na capital do país onde enfrenta vários concorrentes, como a rede sul-africana Shoprite, o Deskontão ou o Kero. Fazem ainda também parte desta lista o Candando, a Maxi, Cash & Carry Alimenta Angola, o grupo Big One, a Africana, a AngoMart, a Fresmart, a Casa dos Frescos e o Intermarket, entre outros