BAI compra acções de Dino a 34 USD e põe banco a "valer" 667 milhões USD
Cada uma das 19.450.000 acções do BAI valiam 8.100 Kz em 2020. Um ano depois, o banco comprou cada acção ao general Dino por cerca de 18 mil Kz, mais do dobro. A meio do processo de ser a primeira empresa angolana a ir à bolsa, "toxicidade" de general fez disparar o preço para a sua saída.
O Banco Angolano de Investimentos (BAI) comprou em Janeiro os 3% que o General Dino detinha na instituição bancária por um preço a rondar os 20 milhões USD, o que coloca o banco a "valer" 667 milhões USD, um valor que, segundo afirmaram várias fontes ao Expansão, está inflacionado pela urgência em retirar da estrutura accionista o empresário que tem activos congelados nos EUA.
A negociação foi concluída há duas semanas e resultou na venda das 583.500 acções que o General Dino tinha naquele que é o maior banco em activos do sistema financeiro nacional.
Ao que o Expansão apurou, o BAI abriu os cordões à bolsa e desembolsou em Kwanzas o equivalente a 20 milhões USD, equivalente a cerca de 10.600 milhões Kz. Desta forma, cada uma das 583.500 acções foi vendida a cerca de 18 mil Kz, equivalente a 34 USD à taxa de câmbio média do mês de Janeiro. ou seja mais 134% em relação ao valor dos livros.
Segundo o relatório e contas do BAI relativo ao ano de 2020, o último disponível, no final daquele ano cada uma das acções valia 8.100 Kz, equivalentes a 12,5 USD à taxa de câmbio do final do período. Entretanto, como o Kwanza tem apreciado face à moeda norte-americana, no dia 31 de Janeiro deste ano esses 8.100 Kz valiam 15,3 USD.
No entanto, o valor das acçõesnos livros não determina necessariamente o valor de uma empresa, sendo que há outros mecanismos para aferir esse valor. Um deles é a quantidade de dividendos futuros que o accionista deverá receber numa data futura entre 5 a 20 anos caso mantenha a titularidade das acções.
Assim, num período em que o Estado está a proceder à venda da sua participação indirecta de 10% neste banco, o BAI pagou mais do dobro por acção para ficar com as acções do acionista General Dino, que recentemente viu o Governo dos EUA revelar que lhe impôs sanções, incluindo o congelamento de activos naquele país, considerando que é um "ex-funcionário do Governo suspeito de ter desviado milhares de milhões de dólares do Governo angolano por meio de peculato"
(Leia o artigo integral na edição 661 do Expansão, de sexta-feira, dia 11 de Fevereiro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)