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Empresas & Mercados

Mais estradas, logística, capital humano, investimentos e menos burocracia com os vistos

PROFISSIONAIS IDENTIFICAM NECESSIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL

São muitos os problemas identificados que impactam no desenvolvimento de uma indústria transformadora sustentável, grande parte ligados às infraestruturas que não existem ou não funcionam de forma eficiente, aos investimentos que são insuficientes e ao ambiente de negócios que ainda está longe de ser razoável.

O III Fórum Indústria, enquadrado na agenda das Conferências do Expansão, realizado no passado dia 12 de Maio, sob o tema: o Triângulo do Desenvolvimento Industrial, reuniu, numa mesa redonda, empresários e gestores industriais de diferentes sectores que garantiram que muita coisa mudou em Angola mas ainda estamos longe dos padrões normais para o desenvolvimento e lembraram que é preciso mais estradas, transportes, investimentos, capital humana e melhor ambiente de negócios.

Num momento em que o mercado cambial volta a registar alguma turbulência, os industriais entendem que é preciso dar confiança aos investidores, quer nacionais ou estrangeiros.

Na sua intervenção, Diogo Caldas, CEO da Refriango, disse que o triângulo do desenvolvimento deve basear-se nos três pilares que são as infra-estruturas, investimentos e um melhor ambiente de negócios. "O País tem potencialidades e é preciso investir nas infra-estruturas", reconhece, lembrando ser fundamental desenvolver a indústria para aumentar a balança comercial, aumentar o emprego e diversificar as exportações. Realça, por outro lado, que a economia tem de crescer, tendo em conta o crescimento populacional para evitar problemas sociais no futuro.

"Temos que apostar numa economia que cresce para permitir a estabilidade económica e social", acrescentou. Com uma presença de 20 anos no mercado, a Refriango é actualmente uma das maiores companhias do sector das bebidas em África. "A Refriango começou com uma linha de enchimento e hoje posiciona-se entre as maiores indústrias de bebidas no continente", afirma o gestor.

Diogo Caldas reconheceu também que não existem "varinhas mágicas" para o sucesso das empresas, mas é importante apostar na formação técnica dos colaboradores. Entre os problemas já avançados, revelou que hoje a realidade é diferente, do que há 20 anos, ou seja, os investimentos públicos têm dado resultados, sobretudo nas infra- -estruturas que melhoraram, apesar de ainda não garantirem as condições para um funcionamento normal das indústrias.

Referiu ainda que ainda há muito caminho a percorrer. E aponta que embora a fábrica de Luanda tenha 80% da energia eléctrica da rede pública, o que é muito positivo, na sua perspectiva, o grande problema são as oscilações da electricidade que muitas vezes interferem no bom funcionamento da fábrica.

"Muitas vezes estas oscilações deitam abaixo os equipamentos críticos e em muitos casos é preciso recorrer a novo investimento", refere. "Nós produzimos, mas temos dificuldades de entregas, sobretudo nas Lundas Norte e Sul, porque não temos estradas em condições", disse.

O gestor lembrou que quando se pensava que as dificuldades com os cambiais tinham desaparecido, a situação volta a bater á porta do mercado angolano e o "fantasma" das restrições dos cambiais já é uma realidade. Para ele, estes e outros constrangimentos, impactam negativamente na vida das empresas e isto cria incertezas ao mercado e às empresas, que tendem a responder com a retracção do investimento, tanto para as que já estão no País e aquelas que querem entrar.

Adérito Areias, PCA da Salinas Calombolo, diz que a realidade de Luanda não é de longe comparável ao resto do País. Numa curta ironia disse que quando se chega à cidade, para quem vem do "mato" sente-se especial, porque é oportunidade para transmitir um pouco a realidade do resto do território.

(Leia o artigo integral na edição 724 do Expansão, desta sexta-feira, dia 19 de Maio de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)