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Gestão

Os desafios da ausência de humanização nas rescisões

CAPITAL HUMANO

A ausência de humanização em processos de rescisão contratual, quando não monitorados podem afetar gravemente a imagem externa e financeira na organização, bem como um elevado número de processos de contencioso laboral.

"Mais um projeto concluído", - dizia Ana Maria, à sua equipa, enquanto embarcavam no transporte que os levaria para as suas cidades.

"Conseguimos concretizar o desafio proposto pela direção; foram realmente muitos dias exaustivos e de muita competência de todos nós. A nossa recompensa é ver os benefícios alcançados por toda a organização; tenho certeza de que a nossa família ficará honrada quando tomar conhecimento da magnitude do mesmo, os dias longe deles valeram a pena. Já estamos de regresso a casa."

Terminara de falar à equipa, quando viu o sinal de alerta em como recebera um email da empresa no seu celular; mentalmente disse para si mesma, "dentro de instantes estou em casa e vejo com atenção". Depois de saudar o seus entre queridos, abriu o portátil e apenas leu o seguinte: "Agradecemos a sua presença na Direção de Capital Humano, na próxima segunda-feira, às 8h00." Ana Maria, foi tomada por inúmeras dúvidas e pensamentos, afinal a mensagem não era explicativa; o assunto apenas mencionava reunião, nada mais. Ponderou alguns instantes e, como nada se aclarava, decidiu questionar em resposta ao email do que se tratava a reunião, mesmo tendo conhecimento que se aproximava o final de semana e teria de aguardar alguma informação apenas na segunda-feira.

Segunda-feira chegou, estava Ana Maria na sala da Direção de Capital Humano, quando lhe foi entregue uma carta de desvinculação, com efeitos imediatos. Não havia pontos em desabono da sua conduta como profissional; pelo contrário no seu interior era possível ler uma missiva de recomendação; nada mais lhe foi explicado. Naquela manhã ela já não fazia parte da sua equipa, não fazia parte do lugar ao qual se dedicou de paixão e onde investiu cerca de 11 anos e 9 meses. Sentimentos de frustração, desrespeito, ausência de empatia, falta de humanização tomaram conta do seu corpo e da sua alma.

O conceito de risco reputacional ou risco de imagem refere-se à possibilidade de uma organização sofrer perdas financeiras, operacionais ou de imagem devido a eventos que afetem negativamente a sua reputação. A ausência de humanização em processos de rescisão contratual, quando não monitorados podem afetar gravemente a imagem externa e financeira na organização, bem como um elevado número de processos de contencioso laboral.

A reputação de uma organização é o que a move, é a sua IDENTIDADE, é fundamental para mantê-la de pé. Identificar, monitorar, controlar e mitigar este risco deveria ser o desígnio principal da linha de gestão de crises e riscos das organizações. Num mundo da era digital, uma comunicação não assertiva ou colocada erradamente é capaz de acabar com a credibilidade de uma grande organização num piscar de olhos. Por isso, é fundamental possuir uma gestão de excelência para risco reputacional.

Gestores de pessoas de alta performance abraçam o desafio de tornar as suas organizações escaláveis e, neste sentido, desenvolvem competências de alta performance, como a comunicação humanizada e assertiva dentro das organizações, por forma a monitorar e prevenir que uma ação da organização ou de um colaborador possa prejudicar e manchar a sua reputação no mercado e na média, até a divulgação de notícias que afetem negativamente a organização, mesmo quando enfrentam períodos desafiadores.

Para o despedimento individual por causas objetivas, a empregadora deve obedecer a determinados trâmites impostos por lei, tal como comunicar à Inspeção Geral do Trabalho, indicando os motivos económicos, os postos de trabalho afetados, os critérios para determinar os trabalhadores a despedir, ou até mesmo a extinção desse mesmo posto de trabalho. Sem a observação destes procedimentos, ou comprovação de que a organização passa por esta situação difícil, é legitimo que a colaboradora coloque em causa este fundamento, sendo que a mera comunicação da empregadora não é razoável para aceitar a situação.

Organizações e seus gestores necessitam abraçar a prática da construção de relações saudáveis e humanizadas. Processos de rescisão muito bem concebidos, podem trazer benefícios financeiros e um serviço de marketing positivo por quem deixa a organização quando este entende que houve honra e respeito antes, durante e depois do processo de rescisão. Caso contrário, estas ações afetam gravemente a imagem reputacional da organização.

Leia o artigo integral na edição 775 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Maio de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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