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África

OMS recomenda a vacina da malária para todos os bebés do continente africano, numa decisão tida como histórica

Malária é maior causa de morte no continente africano

A Organização Mundial de Saúde recomendou que a vacina fosse introduzida no Gana, Quénia, Malaui e Burkina Faso num programa experimental. Agora acrescenta que o programa se manterá até 2023 e a vacina da malária se estenderá a todas as crianças com menos de cinco anos no continente africano

A malária é uma doença endémica em vários países africanos, nos quais se inclui Angola, e é a principal causa de morbidade e mortalidade, especialmente em crianças com menos de cinco anos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) endossou esta semana primeira vacina contra malária para ser administrada a crianças. A vacina pode salvar milhares de vidas a cada ano. A malária ainda é mais mortal em África do que o novo coronavírus.

A doença parasitária pode ser fatal e mata mais de 400 mil pessoas por ano, sendo que 260 mil são crianças africanas menores de cinco anos, detalha a OMS. A doença é transmitida por picadas de mosquitos infectados e a transmissão tem maior incidência na África subsaariana,

"Este é um momento histórico", disse o director-geral da OMS, o etíope Tedro Adhanom Ghebreyesus, quando anunciou a vacina ao mundo, a partir de Genebra, que acrescentou: "é um avanço para a ciência, para a saúde infantil e no controle da malária".

A vacina vai ser usada, inicialmente, em locais de moderada e alta transmissão, e é baseada num programa experimental que já decorre, desde 2019 - ano em as mais de 90% das mortes por malária aconteceram no continente africano -, no Gana, Quénia e Malaui, e inclui 800 mil crianças. Os primeiros dados indicam que a malária mais grave e mortal foi reduzida em 30% entre as crianças vacinadas. A OMS recomenda que crianças a partir de cinco meses recebam quatro doses da vacina. As autoridades de Saúde Pública, alertam, ainda que as não eliminam todos os cuidados que se devem ter para evitar a malária, como o uso de mosquiteiros.

A vacina, fabricada pela farmacêutica britânica GlaxoSmithKline, é apenas moderadamente eficaz. As descobertas do programa experimental mostraram que a imunização reduziu os casos de malária grave em cerca de 30%, explicou Ashley Birkett, chefe do departamento de vacinas contra a malária da PATH, uma organização internacional de saúde que actua à escala global e que ajudou a financiar a imunização.

Outro dado importante é a imunização é mais eficaz nos primeiros meses e à medida que o tempo passa vai perdendo a sua capacidade imunizadora. Ao mesmo tempo, recordam os investigadores, controlar um parasita é mais difícil do que controlar um vírus.

Brian Greenwood, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que desempenhou um papel fundamental nos testes de vacinação contra a malária e na pesquisa da vacina, chamou também declarou, na quarta-feira, que se tratava de um "dia histórico para a malária".

"Pela primeira vez, temos uma vacina que agora é recomendada para uso extensivo em África, onde a doença é endémica", disse Greenwood, citado pelo Washington Post. "Como a malária ainda uma das principais causas de morte, especialmente entre crianças em África, esta decisão tem o potencial de salvar milhões de vidas jovens. Precisamos urgentemente de mais ferramentas e soluções práticas e inovadoras para a malária", acrescentou.

A vacina pode causar efeitos colaterais leves em algumas crianças, incluindo febre e convulsões breves, disse Katherine O'Brien, diretora de imunização, vacinas e produtos biológicos da OMS. As autoridades continuar a estudar os benefícios da quarta dose da vacina, para determinar se ela é necessária, disse a especialista da OMS.

Em um comunicado, a GlaxoSmithKline adiantou que trabalhará com parceiros e governos para apoiar o fornecimento adicional da vacina. A empresa disse que disponibilizará 15 milhões de doses anuais e, no máximo, 5% acima do custo de produção.