A média do sector situou-se nos 5%, com as Américas a subir cerca de 8% e a África subsariana a registar um crescimento de 3%. Mesmo assim, e de um ponto de vista relativo, esta região do mundo continua a crescer acima da média, o que constitui uma excelente oportunidade para Angola.

Com os olhos postos no futuro, o Plano Director Nacional do Turismo, tornado público pelo Ministério da Hotelaria e Turismo, definiu a cultura, o sol e mar e a natureza como os eixos estratégicos do posicionamento do País até 2020.

Entre os desafios que se colocam para a implementação da estratégia está o da comunicação: são inúmeros os países que disputam a atenção dos mercados emissores de turistas, e Angola deverá lutar, por um lado, por assegurar a notoriedade do destino e, por outro, passar as características que o distinguem.

O ambiente em que essa comunicação deve ser feita é cada vez mais ocupado pelos meios digitais: os últimos indicadores comprovam que os turistas usam o online não só para a eleição do destino mas também para a costumização e aquisição da viagem.

Neste contexto, o Turismo de Portugal apostou numa estratégia de segmentação, tendo seleccionado a Born em 2011 para o desenvolvimento de uma plataforma digital direccionada para o surf, designada Riding the Portuguese Waves.

Esta opção implica o desenvolvimento de conteúdos adaptados ao target e tem dado os seus frutos, valendo a eleição de Portugal como um dos melhores destinos de surf por órgãos de comunicação social de todo o mundo (entre os quais a CNN), e colocado o país no top mundial de pesquisas na Internet sobre surf, com 7,3%. Em termos económicos, espera-se que o retorno que esta indústria traz para a economia portuguesa, avaliado pela Associação Nacional de Surfistas em cerca de 400 milhões de euros, possa continuar a subir.

Este caso revela a eficácia da segmentação e do respectivo desenvolvimento de conteúdos de marca, gerados quer por grandes eventos e provas associadas ao surf, como por projectos como o The McNamara Surf Trip, um documentário composto por 7 webisódios relatando a viagem realizada pelo surfista de ondas gigantes através da costa portuguesa, misturando experiências no mar e fora dele, em áreas como a hotelaria, gastronomia, música, cultura, etc.

Angola reúne uma diversidade de ingredientes que poderão fazer crescer a actividade turística a nível doméstico, junto dos países limítrofes, mas também, numa segunda fase, junto das grandes potências emissoras globais. Contudo, haverá que tomar opções estratégicas: num mercado tão concorrencial e saturado, como é o do turismo, terão de se priorizar mensagens e públicos-alvo.

A tentação de comunicar tudo, ao mesmo tempo, poderá retirar capacidade de mobilizar as comunidades online que tipicamente se organizam por temas da sua preferência e apenas se aceitam expor a conteúdos especializados. Um dos grandes desafios será por isso mesmo o de também saber ser específico para ganhar relevância e aprofundar o diálogo nos meios digitais, preparando estratégias e conteúdos adequados ao contexto, naturalmente inspirados na realidade angolana.

Quando Garrett McNamara chegou aos Açores confessou à equipa a sua surpresa, revelando que o arquipélago lhe sugeria uma mistura de Havai, Califórnia e Itália. E, assim, pela voz de uma personalidade mundial, os Açores receberam um elogio qualificado que será ouvido por praticantes - e viajantes - de surf de todo o mundo.

Angola tem tudo para ser um destino-novidade nos próximos anos, no mercado do turismo: sabendo comunicar a experiência, Angola, de uma forma igualmente inovadora, constituirá meio caminho para que cumpra todo o seu potencial.

Duarte Vilaça, Partner da Born Angola