Camacupa: um município maltratado, desdenhado, asfixiado
Nos últimos dois anos tenho visitado o município de Camacupa, na província do Bié. Em duas ocasiões já lá estive, a última neste mês de Setembro. Para quem, como eu, conhece a localidade, à chegada revolta-se. Um sentimento de dor, nostalgia e desalento pueril invade a alma.
Como jornalista e professor de História não posso ficar indiferente. Aliás, o Jornalismo e a História são aliados. Ambos retratam vivências, com especificidades. Por isso, devo recordar que, por vezes, a história se mostra implacável e a função do historiador, como se sabe, "é lembrar aquilo que a sociedade quer esquecer".
Quem chega à vila de Camacupa facilmente notará que há um País real oculto às vistas das autoridades. Um outro País e uma população que, longe do asfalto, está maltratada, desdenhada, esquecida.
A vila, mesmo sendo o marco geodésico central de Angola, é poeirenta, não tem ruas asfaltadas, perdeu o brilho e a graça dos tempos que já se foram. Não tem mais nada que atraia os visitantes.
A beleza dos tempos idos, tão formosa e requintada, se esvaiu com os anos. Hoje, já não tem a majestade económica e geografia nacional conquistada por natureza.
A dura realidade constata-se em cada esquina. A vida atirou para as prateleiras as valências desta terra generosa. Mas a memória insiste em reviver os tempos áureos da antiga vila General Machado, o grande celeiro de produção e exportação de grãos.
(Leia o artigo na integra na edição 543 do Expansão, de sexta-feira 27 de Setembro de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)