"Decidi ser o meu próprio investidor, para não sentir pressão"
Artista vai cantar músicas do disco de "Originais", em concerto intimista, no dia 16 de Dezembro, no Camões. É professor no concurso "Estrelas ao Palco" e defende que a intenção não é criar cópias de artistas, mas sim testar a capacidade dos artistas.
O que tem reservado para o espectáculo do dia 16 de Dezembro?
No dia 16 de Dezembro será o meu último concerto do ano, com o disco "Originais", que será no Centro Cultural Português- Camões. É especial porque será o último e decidimos fazê-lo com todo o gosto. Vai ser um concerto e poderão ver Dino Ferraz num formato mais intimista, com 90% do repertório de "Originais".
Será um concerto com músicos convidados ou vai estar sozinho?
Em princípio, serei só eu, acompanhado de três músicos que estarão comigo em palco. Há sim a possibilidade de termos um convidado surpresa, mas não posso anunciar.
Já fez o convite?
Na verdade, temos muitos amigos que brindariam o nosso concerto de bom grado, mas chega a uma altura em que nós também queremos medir a nossa popularidade, o nosso público, a nossa audiência, as pessoas que acompanham o nosso trabalho. Pode ser que tenhamos um convidado ou não.
Como surgiu o convite para ser professor no programa "Estrelas ao Palco"?
É a primeira vez que trabalho como co-director artístico, professor e também como jurado convidado. Mas já trabalhei neste projecto no período de triagem, durante a selecção dos candidatos que iam para as galas.
Como é a experiência de estar com jovens que aspiram a ser a próxima voz da música angolana?
É prazeroso, porque sempre gostei muito desta missão. Sempre disse que estamos a lutar para termos artistas melhores e não faremos estes artistas só criticando, é preciso que as pessoas tenham acesso à formação. E esta formação e ensino deve começar, desde o princípio da carreira, de contrário fica difícil. E quando recebo uma missão tem que ver com trabalhar talentos, não só do ponto de vista técnico, mas emocional e psicológico.
Como avalia a evolução dos concorrentes?
A evolução tem sido muito boa. São artistas que vieram todos com o seu "vício musical", alguns mais fáceis de resolver, outros não. Alguns candidatos têm números muito bons nas redes sociais, outros não. Mas isto é assim. Concurso é concurso. Enquanto professor, sou como um pai, não posso ter preferidos.
Concursos do género são o caminho certo para se encontrar novas vozes ou é de esperar que elas surjam de forma espontânea?
Cada concurso tem o seu formato. O "Estrelas ao Palco" é um concurso de imitação, enquanto o Festival da Canção da LAC, por onde passei, é de interpretação. Claramente, a imitação tem vantagens e desvantagens. A nossa intenção não é criar cópias de artistas, mas sim testar a capacidade que os artistas têm ao fazer o que outro artista faz. A questão que se coloca é que temos aqui uma plataforma muito boa para catapultar novos talentos. Algo que faz muita falta no nosso País.
No início da carreira?
Começar uma carreira não é fácil. Então, ter um concurso como o "Estrelas ao Palco", que te coloca em exposição durante três meses em casa de quase todos os angolanos, acho que é um começo muito bom, ainda que seja um concurso de imitação.
Olhando para a música "careca não", considera-se um activista?
Costumo dizer que ser activista é uma coisa e ser um cidadão activo é outra. Todos temos a obrigação de ser um cidadão activo, não precisamos ser, necessariamente activistas. Porque o activismo em Angola ganhou um significado pejorativo, para revolucionário. Não é o meu caso. Sou apenas um cidadão activo. E, enquanto activista, sinto este papel a dobrar, porque, enquanto artista devo, dar a voz aos que não a têm e às pessoas que consomem o meu trabalho, que vão aos shows. A música não deve servir só para entreter. Deve libertar a consciência, mudar a realidade social, política e económica.
(Leia o artigo integral na edição 703 do Expansão, de sexta-feira, dia 02 de Dezembro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)