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Angola

País "pintado" pelo Presidente da República só existe no papel, dizem analistas

OITAVO DISCURSO À NAÇÃO

Especialistas questionados pelo Expansão dizem que apesar de João Lourenço ter abordados algumas questões que pesam na vida dos angolanos, há temas em que o discurso está desfasado de realidade.

O Presidente da República "pintou" um quadro do País que só existe no papel, porque a realidade é completamente diferente, segundo analistas contactados pelo Expansão. João Lourenço não proferiu uma única vez a palavra pobreza.

Chefe de Estado falou muito pouco da situação social do País, da fome e da pobreza extrema em que se encontra uma parte substancial da população, números que constam em relatórios de instituições internacionais reconhecidas.

Faltou, assim, um lado mais social ao discurso do Chefe de Estado numa altura em que a pobreza extrema atingiu valores alarmantes. Para vários analistas, abordar estes assuntos, e apontar soluções, poderia ter um efeito de esperança no futuro.

"A realidade é que as famílias ficam mais pobres a cada ano que passa com o aumento da inflação e com o agudizar da situação económica do País. É um discurso que a meu ver não foi bem acolhido", admite o politólogo Agostinho Sicato.

Ainda assim, o responsável lembrou que o Chefe de Estado também falou de questões que afectam as populações, como os investimentos que o Executivo está tem estado a fazer no domínio da saúde, mas que precisa de encontrar um novo rumo. "Do ponto de vista do betão há um investimento muito grande em infraestruturas hospitalares e na compra de equipamentos de última geração, mas também é verdade que os equipamentos muitos deles não funcionam e estão a ficar obsoletos, porque não há ninguém que os possa manejar como foi o caso dos equipamentos do hospital Capenda Camulemba, na Lunda Norte", lamenta. E acrescenta: "há relatos do Complexo Hospitalar, Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, de que tem equipamentos, mas ninguém consegue utilizar porque os técnicos não estão preparados para o efeito". Por isso, afirma que a inauguração desses hospitais a nível do País deveria ser precedida de uma informação de que o PR e os governantes vão começar a cuidar da sua saúde internamente, porque isto dá garantias e confiança ao cidadão.

Por outro lado, o director executivo do Instituto Angolano de Sistemas Eleitorais e Democracia (IASED), Luís Jimbo aponta baterias a questões relacionadas com o turismo, que o Presidente abordou, mas que deveria ter sido mais incisivo até porque no País proliferam estradas em más condições que inviabilizam a livre circulação de pessoas e bens, afectando o turismo. Esse é um dos grandes problemas, segundo Jimbo, visto que o País dispõe de inúmeras zonas turísticas, mas que carecem de infraestruturas e rede de comunicações e internet.

João Lourenço limitou-se apenas a enaltecer a abertura recente do Parque Nacional do Iona, que constitui um marco importante para o desenvolvimento do turismo ecológico no sul do País, além de pedir que se preste uma maior atenção à região do Okavango. "Agora, como chegar a esses locais, que infraestruturas de apoio existem?", questiona respondendo de seguida que "quase ninguém sabe".

"Essa Angola que o Presidente da República falou no discurso sobre o Estado da Nação é do papel, portanto não existe, tanto mais que as medidas de alívio não se fizeram sentir, pelo menos a nível das famílias", remata Luís Jimbo.

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