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Prémios de seguros aumentam 31% mas as indemnizações crescem 138%

I TRIMESTRE DE 2024

A taxa de sinistralidade passou de 26% no I trimestre de 2023 para 47% este ano, impulsionada pelo ramo saúde, que vale 40% dos custos com sinistros, 20,5 mil milhões Kz, mas apenas 20% dos prémios emitidos, 21,8 mil milhões Kz. Foi um início de ano menos rentável para as seguradoras.

O crescimento exponencial da taxa de sinistralidade é o dado mais significativo na análise dos dados do mercado segurador para o I trimestre deste ano. Em 2022, para o mesmo período, foi de 20%, em 2023 de 27%, e agora de 47%. Isto significa que nos primeiros três meses de 2024, os sinistros custaram às seguradoras 51.127 milhões Kz, mais 138%, face aos 21.491 milhões Kz registados em igual período de 2023, de acordo com cálculos do Expansão com base nos dados do indicador publicado pela Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG).

O resultado destes três meses já é metade do total das indemnizações realizadas em 2023 (102.723 milhões Kz), um indicador de que os custos com sinistros para o sector neste exercício poderá ter um aumento muito significativo.

O ramo com maior representatividade na estrutura de custo das seguradoras foi o de doença, com 40% do total das indemnizações pagas neste primeiro trimestre, apesar de ter um peso de 20% na carteira de prémios brutos emitidos.

Este aumento está relacionado com a depreciação da moeda e a própria inflação, pois esta área tem componentes que se alteram rapidamente por causa de dos factores referenciados, como, por exemplo, o preço dos medicamentos, as tarifas das clínicas privadas e os custos com assistência no exterior do país.

Apesar das vendas de seguros do ramo doença terem reduzido 16%, para 21 mil milhões Kz, neste primeiro trimestre, José Silva, corrector de seguros, acredita que o número de tomadores que utilizam o seguro terá aumentado, por conta da já conhecida debilidade do Sistema Nacional de Saúde.

"Desde o momento em que um trabalhador dispõe de um seguro de saúde, pois são a maioria, vão logo a uma clínica e esta questão acaba sendo uma das mais básicas razões da elevada taxa de sinistralidade no ramo saúde", confirma. É importante salientar que este facto pode levar a que as seguradoras reavaliem os preços das apólices, sendo de acreditar que os seguros de saúde possam vir a ter aumentos ao longo do ano.

Também as indemnizações no ramo automóvel continuam a crescer, indiscutivelmente são hoje mais utilizados em caso de sinistro, tendo aumentado 54% no I trimestre deste ano, depois de terem crescido 35% em 2023. Mas aqui o cenário é mais "risonho" para as seguradoras, uma vez que as indemnizações pagas foram na ordem dos 5,7 mil milhões Kz para um volume de prémios emitidos de quase 11 mil milhões, o que significa uma taxa de sinistralidade de 72%.

Neste quesito, acrescentar ainda que houve um aumento enorme dos custos de sinistros para o ramo da petroquímica. No I trimestre foram de 19,6 mil milhões Kz para um volume de prémios emitidos que ultrapassou os 23,5 mil milhões Kz, com uma taxa de sinistralidade a rondar os 83%. No entanto, é importante dizer que a análise do comportamento do ramo da petroquímica no sector segurador, pela especificidade do produto, deve ser analisado apenas numa perspectiva anual.

Uma última referência para os acidentes de trabalho, o 3.º ramo mais importante em termos de venda de apólices, que mantém uma taxa de sinistralidade relativamente baixa, 22%, com custos de sinistros ligeiramente acima dos 3 mil milhões Kz. Este facto também reflecte ainda a baixa penetração deste produto, sendo uma prática comum as empresas resolverem os acidentes com os seus trabalhadores directamente com os familiares dos envolvidos, negociando com estes as indemnizações. Isto apesar de haver já um maior controlo sobre estas práticas.

Prémios crescem 31% para 109.614 milhões Kz

Este é um facto que deixa preocupadas as seguradoras. Se tivermos em linha de conta que entre o I trimestre de 2023 e os três primeiros meses deste ano houve uma desvalorização do kwanza em cerca de 40% e uma taxa de inflação acima dos 28%, percebe-se que o incremento de 31% nas vendas dos prémios, em termos reais, significa uma ligeira descida.

O ramo mais importante foi o da Petroquímica, com 21% do valor das vendas, cerca de 23,5 mil milhões Kz, e que teve um crescimento de 55% face a igual período do ano passado. Isto também significa que as empresas do sector optaram por fazer mais seguros no País, o que se entende porque o aumento das apólices foi muito inferior à desvalorização da nossa moeda, tornando mais atractivo fazer o seguro no País.

Seguiu-se depois o ramo saúde, a perder valor nos primeiros trimestres dos três últimos anos. Em 2022, os prémios emitidos foram de 26,4 mil milhões Kz, em 2023 de 25,8 mil milhões Kz e agora em 2024 de apenas 21,8 mil milhões Kz.

Leia o artigo integral na edição 779 do Expansão, de sexta-feira, dia 07 de Junho de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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