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Gestão

Um período de luto

Recursos Humanos

A dor do luto é mais apertada quando se retoma a rotina diária. O dia-a-dia sem o sorriso, sem o abraço e sem a voz de um ente querido é uma ferida aberta que demora a cicatrizar. Depois do enterro, depois que todos os amigos e familiares se recolhem, abre-se espaço para a tristeza, melancolia, ansiedade, crises de choro, falta de apetite, apatia, impotência e solidão.

A dor da morte é insuportável mas gradativa, e passa por cinco níveis do luto, conforme a psiquiatra suíça, Elizabeth Kübler-Ross (1969): negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. São vividos por todas as pessoas enlutadas e este processo pode ocorrer entre dois meses a um ano, no entanto, a rede de apoios do enlutado pode ajudar a uma transição com maior rapidez. A sombra da saudade mantêm-se, porém, a dor vai sendo amenizada.

Ninguém está preparado para receber uma notícia do falecimento de um familiar, um amigo ou de um colega. O luto é uma ponte pedestre sobre um rio cheio de jacarés famintos (depressão, saudade, ansiedade) e que para ser atravessado precisa de muita calma, passo a passo, para não tropeçar ou acordar os animais selvagens.

No ambiente laboral, o enlutado tende a ter menor produtividade, desconcentração, falta de empatia, impaciência, todavia a empresa tem a obrigação de acolher e respeitar o enlutado nesse momento.

Por norma, as empresas angolanas têm um padrão típico de acção quando morre o ente querido ou mesmo um colaborador. É simples. Partilha-se a notícia pela empresa, visita-se o enlutado, faz-se uma lista de contribuições entre colegas. Se o falecido for um funcionário acrescenta-se a possibilidade de oferecer a urna funerária e/ou outros apoios, a presença da maior parte dos colegas no acto fúnebre e a leitura da mensagem de condolências, normalmente lida pelo representante do RH da instituição. Faz-se o melhor que se consegue durante toda a semana fúnebre.

As empresas são locais onde os colaboradores não demonstram os seus sentimentos e emoções, pois os "assuntos pessoais não são bem-vindos no trabalho". O luto que já é um tabu na sociedade, dentro das empresas torna-se um verdadeiro silêncio. É um assunto silenciado, porém, o RH deve estar preparado para ajudar os funcionários a superar este período como uma das ferramentas de gestão de pessoas. Dependendo de como o RH contribui, este período pode ser mais curto, ou não.

Para que o RH esteja preparado e além dos direitos estabelecidos na LGT, é importante preparar um programa de apoio aos colaboradores em luto, que passo a sugerir:

Formação: O RH pode promover um código de boas práticas e formar os colaboradores sobre como podem agir com colegas em períodos de luto, bem como lhes explicar quais os seus direitos e esclarecer quais os procedimentos administrativos a realizar durante esse período. Promover, igualmente, palestras esporádicas de refrescamento para que a aceitação do luto ocorra naturalmente dentro da instituição.

*Gestora de Recursos Humanos e professora universitária

(Leia o artigo integral na edição 632 do Expansão, de sexta-feira, dia 9 de Julho de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)

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