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Grande Entrevista

"Nós ainda precisamos de 40 licenças para abrir um supermercado novo"

PEDRO MATEUS, CEO DO GRUPO KIBABO

Pedro Mateus é dono do negócio Kibabo, rede de supermercados que já conta com 40 lojas, todas em Luanda. Fala da estratégia do grupo e dos desafios em quanto empresário em Angola. Admite que já foi bem melhor e que hoje "investir no País não é fácil, não temos outros recursos".

O Kibabo tem agora 12 anos, 40 lojas e todas em Luanda, muitas delas com um distancia entre si muito curta. Qual é a razão?

Começámos a perceber que estar mais próximo do cliente era mais interessante. Mas isso também não foi uma invenção do Kibabo. Porque se nós hoje formos à Europa, temos cadeias de supermercados que estão dentro da mesma rua, no mesmo raio. Uma das maiores cadeias do mundo é o Carrefour. E quando vou ao centro de Paris vejo vários Carrefour por ali. E nós, cada vez mais, começámos a notar que era interessante o conceito de proximidade

Temos muitos conceitos de mercados, quer na grandeza como na classe de clientes. Onde é que o Kibabo se posiciona?

Aqui temos um grupo de supermercados que aposta nos hipermercados e alguns supermercados. Depois vem para baixo um outro conceito, onde está o Kibabo, que é um conceito que já não é bem supermercado. Nós temos alguns que são supermercados, mas temos outras lojas que estão a diminuir o tamanho e estamos mais posicionados para a classe média. Um hipermercado tem 6.500 m2 e mais 22.000 produtos diferentes lá dentro. Este é o conceito de um hipermercado. Tal como o Kero, também podemos juntar o Descontão, o Candando e a Maxi. Nós temos cada vez mais lojas com 100 m2, 200 m2, ou com 300 m2. Nós estamos a sair do conceito de supermercado e, cada vez mais, a ser um mini mercado.

A estratégia de proximidade faz jus ao vosso slogan: "o vizinho ao lado".

Uma estratégia de maior proximidade, de estar ao lado e viver com os vizinhos que estão ali à volta da nossa loja. E estamos a habituar os nossos colaboradores a tratar os clientes pelo nome. Até a denominação do nosso director de shopping mudou e passou a chamar-se dono da loja. Nós temos de ter uma cultura, temos de mudar aqui a forma de pensar. Estamos a deixar de ser supermercado e vamos cada vez mais apostar na área do minimercado. Mas aqui é preciso uma coisa, porque o minimercado vem do conceito daquela loja que tem um dono, já não pertence a uma cadeia. Estamos num ambiente familiar.

Quanto é que investiu para abrir aquela primeira loja do Kibabo no Palanca?

Na altura, se calhar, foi para aí um milhão de dólares o que tivemos de investir para adaptar a loja toda no Palanca. Era tudo muito caro, mas havia muito dinheiro e era tudo em dólares, até as prestações do aluguer do espaço.

Mas em Abril deste ano, a loja que era a vossa coqueluche e a casa que iniciou a história de sucesso em Angola, fechou. Porquê?

Pois, tivemos de tomar, no início deste ano, a complicada decisão de sair do Palanca. De fechar a nossa casa mãe. Fechámos em Abril ou final de Março. Mas tudo tem uma explicação na vida. Agora aproveito para definir o que é o conceito de empresário. O empresário é aquele animal que se alimenta de confiança. Assim que perde um bocadinho de confiança da conjuntura económica, a primeira coisa que faz é esconder-se. E depois não faz mais nada. O empresário, para além de ter de viver com o coração, tem do outro lado os números. Temos de conciliar o coração, a paixão que temos pelas coisas com a realidade dos números. Se os empresários pensarem só com o coração, o negócio pode correr um risco muito grande.

Que realidade os números revelaram, que fizeram com que se optasse por fechar a casa mãe?

O Palanca foi um contrato de arrendamento em dólares. Hoje as pessoas têm de se convencer que a moeda é o kwanza. Nós temos de negociar em kwanzas. Ninguém pode dizer que vamos arrendar esta loja por X dólares. Aqui não há dólares. Na altura em que eu assinei o contrato, o câmbio era 90 e hoje o câmbio é 900, quase 1000. Ninguém consegue aguentar uma renda 10 vezes mais cara. Este era um problema. Segundo, um problema técnico, mas que durou muito tempo. O edifício não tinha condições. Metia muita água. E em terceiro lugar, o grupo Kibabo engordou um bocado, já não cabíamos no espaço.

Leia o artigo integral na edição 804 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Novembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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