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Explosão de refinaria ilegal nigeriana reforça necessidade de travar roubo de petróleo

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Perdas provocadas pelo roubo de petróleo bruto e vandalização de oleodutos chegaram aos 4 mil milhões em USD em 2021. Em Março, as autoridades anunciaram a destruição de 49 refinarias ilegais e 70 detenções.

A explosão de uma refinaria ilegal de petróleo bruto, na Nigéria, que provocou mais de 100 mortos, na sexta-feira, 22, ocorre um mês depois de a Comissão Reguladora Nigeriana do Petróleo no Upstream (NUPRC, na sigla em inglês) anunciar a criação de uma equipa multidisciplinar para pôr fim ao roubo de petróleo bruto e vandalização de oleodutos no Delta do Níger. Um fenómeno que, em 2021, provocou perdas avaliadas em 4 mil milhões USD, segundo o governo federal, e que está a comprometer os meios de subsistência das comunidades locais, por causa do impacto ambiental dos roubos e da refinação ilegal, segundo o ministro de Estado dos Recursos Petrolíferos, Timipre Sylva.

Após a explosão na refinaria, na floresta de Abaezi, estado de Imo, no sul do país, o comissário para os Recursos Petrolíferos do estado, Goodluck Opiah, descreveu a refinação ilegal como um "negócio suicida". Mas é um negócio a que, sobretudo os jovens recorrem, face aos recursos piscatórios e agrícolas, cada vez mais escassos, após décadas de exploração petrolífera. Muitos cadáveres ficaram totalmente carbonizados, ao ponto de não ser possível a sua identificação.

Conhecido na linguagem local como "oil bunkering", o roubo de petróleo também é responsável pela vandalização dos oleodutos, com perdas elevadas para o Estado e 22 companhias produtoras, como revelou o director executivo da Comissão Reguladora Nigeriana do Petróleo no Upstream (NUPRC, na sigla em inglês), Gbenga Komolafe. Numa apresentação em Abuja, com produtores e parceiros do oil & gas, no final de Março, Komolafe anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para determinar o número exacto de refinarias ilegais e para pôr termo a um fenómeno que atinge as receitas do Estado e compromete as quotas de produção na Nigéria na OPEP.

Um quinto da produção de crude perdida

As perdas provocadas pelo roubo de petróleo bruto e a vandalização de oleodutos no Delta do Níger foram avaliadas em 3,4 mil milhões USD, nos 14 meses anteriores a Março, segundo dados do Governo Federal, citados pelo director executivo da NUPRC, que anunciou a destruição de 49 refinarias ilegais e a detenção de 70 pessoas. O director geral da ExxonMobil, Richard Laing, que representou a Secção de Comércio de Produtores de Petróleo (OPTS) da Câmara de Comércio de Lagos, salientou que, embora este não seja um problema novo, cresceu do simples roubo de petróleo para a criminalidade organizada, com operação já sofisticada. "Esta prática, que deixa o petróeo a jorrar dos oleodutos durante quilómetros, conseguiu suprimir cerca de um quinto da produção de dois milhões de barris por dia da Nigéria em 2021", segundo dados do Ministério das Finanças, divulgados pelo Dataphyte, organização que monitoriza o desenvolvimento socioeconómico da Nigéria, em Março.

Dados da Iniciativa de Transparência das Indústrias Extractivas da Nigéria (NEITI) apontam uma perda de receita de 14,6 mil milhões USD entre 2016 e 2020, com mais de 270 milhões da produção comercial de petróleo bruto da Nigéria perdida. Só em 2020, as perdas correspondem a um total de 39.162 milhões de barris de petróleo bruto, o que equivale, em média, a 107.293 barris por dia.

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