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Opinião

Nova Ordem Mundial

EDITORIAL

O posicionamento dos países do Sul, com o Brasil e a África do Sul na primeira linha, mas com a Argentina, a Nigéria e mesmo Angola, numa segunda linha, pode ajudar a equilibrar ou a desequilibrar esta ordem mundial, onde os EUA e a Europa, com a Alemanha e a França na frente, ainda mantêm a última palavra.

A visita do Presidente Emanuel Macron a África, com passagem de dois dias por Angola, deve ser olhada com bastante atenção, sob dois prismas, embora ligados, completamente diferentes - o político e o económico. Relativamente ao primeiro é claro que existe uma pressão grande sobre os governos dos países do Sul para que se coloquem "mais" do lado Ocidental neste conflito entre russos e ucranianos, que longe de ter uma solução rápida, terá certamente o condão de trazer uma nova ordem mundial, onde países que não frequentam regularmente a mesa principal das decisões planetárias vão ganhar um lugar permanente. E estamos a falar da China e da Índia, seguramente, da Turquia, possivelmente, e mesmo da Rússia, embora tudo dependa da forma como terminar o conflito.

O posicionamento dos países do Sul, com o Brasil e a África do Sul na primeira linha, mas com a Argentina, a Nigéria e mesmo Angola, numa segunda linha, pode ajudar a equilibrar ou a desequilibrar esta ordem mundial, onde os EUA e a Europa, com a Alemanha e a França na frente, ainda mantêm a última palavra. A unanimidade da globalização em que se viveu este século até à pandemia da Covid-19, não voltará nos próximos 50 anos.

Tudo isto está relacionado com a economia, com a capacidade de gerar riqueza. Embora hoje com outros instrumentos que são decisivos, de que é exemplo o mercado de capitais, a corrida aos recursos tem uma urgência similar ao que aconteceu a seguir à segunda guerra mundial e que levou ao desenvolvimento rápido dos territórios abaixo do Equador.

Na altura, muitos eram territórios dessas potências ocidentais, hoje são países independentes. Mesmo na América do Sul, onde Brasil e Argentina, por exemplo, apesar de serem Estados independentes, tinham uma enorme dependência das potências ocidentais, o que hoje já não acontece.

A China percebeu isso primeiro que todos, há mais de 20 anos que solidificou uma presença no desenvolvimento dos países que têm mais recursos, tomou mesmo conta deles em alguns territórios e, por isso, a margem de manobra é curta. Também hoje os recursos não apenas energéticos, são também de minerais raros, água e mesmo terras aráveis para garantir a sustentabilidade alimentar. A Índia também já iniciou este caminho...

E é aqui que Angola aparece como um parceiro apetecível, um País com muitos dos recursos que estes precisam, mas com enorme pobreza das suas populações, com a vantagem de ter paz e segurança e para estes visitantes também com a vantagem de ter uma elite que "manda" mesmo, o que facilita a abordagem.

E por muito que todos gostássemos de dar a nossa opinião, a verdade é que esta elite que vai decidir o nosso futuro. Das suas decisões e alinhamentos é que vai sair a posição de Angola na nova ordem mundial. Esperemos que decidam bem, é o que podemos pedir...

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