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Opinião

A fraca oferta interna e o combate à inflação

Milagre ou Miragem?

Os dados oficiais indicam que a inflação em Angola (e particularmente em Luanda) está a ser impulsionada pela classe de "Alimentação e bebidas não alcoólicas". Os dados referentes ao mês de Fevereiro, mostram um aumento da inflação homóloga (Fev 2021 foi 24,85% vs 27,28% em 2022). Porém, existe uma desaceleração a nível nacional (0,38 pontos percentuais), incluindo em Luanda (0,88 pontos percentuais) no mês de Fevereiro face ao mês de Janeiro, o que não deixa de ser positivo. Para combater a inflação o BNA tem estado a controlar os agregados monetários ao manter os coeficientes das reservas obrigatórias (em moeda nacional e estrangeira) em 22%(1) . Afinal, existe uma correlação positiva forte (0,80), no período de 2018 a 2020, entre a inflação e a soma do volume de notas e moedas em poder do público e os depósitos à vista.

Todavia, é sabido que a pressão inflacionária liderada pela classe de "Alimentação e bebidas não alcoólicas" se deve à fraca oferta interna que não tem sido capaz de colmatar a quebra nas importações de bens alimentares. De facto, os dados do BNA sobre a importação de bens alimentares mostram que ela passou de 3.257,6 milhões USD em 2017 para 2.125,4 milhões em 2020.

Neste contexto, a teoria económica sugere a adopção de medidas mais expansionistas, o que não está a acontecer. Neste contexto a intervenção do BNA, através da renovação do Aviso 10/20 conforme noticiado(2) recentemente, mostra-se necessária. Porém, essa medida tem sido insuficiente uma vez que podemos ver na tabela 1, abaixo, que os sectores não transacionáveis como a construção, comércio e particulares, no período de 2017 a 2021, beneficiaram de grande parte do crédito disponibilizado, em detrimento de sectores como a agricultura, pescas e indústria transformadora.

O facto de particulares terem beneficiado, em média, de 16% do total do crédito disponibilizado num contexto de recessão deveria merecer a atenção dos fazedores de política, por mostrar que as famílias estão a endividar-se cada vez mais hoje, comprometendo o seu consumo no futuro.

(Leia o artigo integral na edição 668 do Expansão, de sexta-feira, dia 1 de Abril de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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