As medidas de curto prazo devem ser tomadas a pensar no longo prazo
Estamos em 2022, um ano de eleições gerais em Angola. Tal como no passado, neste ano vemos a governação a tomar algumas medidas mais a pensar no curto prazo do que, por ex., no longo prazo. Afinal, do que adianta pensar no longo prazo quando diante de um processo eleitoral, existe a possibilidade de deixar de ser governo?
Assim sendo, compreendemos que nesta fase a principal preocupação de quem governa seja a manutenção do poder. Para o efeito, por ex., vamos vendo iniciativas como a criação da Reserva Alimentar, com base na importação de produtos alimentares, a redução do IVA para alguns produtos da cesta básica ou a apreciação da moeda local, como forma de estimular o consumo das famílias. Todavia, não podemos deixar de assinalar que Angola tem diante de si uma oportunidade única de definitivamente dinamizar o sector produtivo e dar início à tão desejada transformação da economia.
Analisando hoje as exportações de Angola fora do petróleo e diamantes, vemos que, tirando as bebidas e o cimento, o País não deixou de exportar mercadorias primárias tal como previsto pelo PRODESI e que, neste espaço, chamamos a devida atenção. Na altura, 2018, indicamos que os proponentes do PRODESI tinham identificado como produtos prioritários para a exportação, além do petróleo e diamante, outros produtos que não ajudavam Angola a alte rar a sua estrutura produtiva. Ora bem, a tabela 1 abaixo, mostra que o cimento representa 8% do total das exportações e as bebidas 12%, somando estes dois produtos 20%. Isto significa que 80% das exportações, fora do petróleo e diamantes, continuam a ser mercadorias primárias!
Temos igualmente mostrado neste espaço que, neste período, não houve uma alteração na composição das importações, traduzida numa redução progressiva da importação de bens de consumo corrente, passando a ser privilegiada a importação de bens de consumo intermédio e bens de capital. Pelo contrário, temos visto uma queda nas im[1]portações de bens de capital e de consumo intermédio, enquanto a importação de bens de consumo corrente reduziu devido a situação de recessão económica que Angola experimentou (de 2016) até 2020.
Devido à crise no leste europeu, o preço do barril de petróleo teve uma recuperação astronómica (ultrapassando a fasquia dos 100 USD em Março) fazendo esquecer os níveis de 2020 quando o barril de Brent chegou a custar 17,51 USD. Esta crise está a forçar os países europeus a acelerarem a sua transição energética, bem como fez aumentar o preço dos bens alimentares segundo a FAO.
(Leia o artigo integral na edição 670 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Abril de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)