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Opinião

Na questão da diversificação da economia, o conselho do FMI é contrário à história

MILAGRE OU MIRAGEM?

A ideia de que o Executivo deve levar avante, simultaneamente, várias reformas para dinamizar o sector não petrolífero é problemática já que perde de vista as limitações em termos de recursos materiais e humanos

O FMI divulgou recentemente os resultados da 6.ª e última avaliação feita no âmbito do programa de financiamento ampliado. Ao lermos a nota de imprensa destacamos o pronunciamento da Sra Antoinette Sayeh (directora adjunta do FMI) que encorajou o Executivo a prosseguir com os esforços para diversificar a economia, através de refomas estruturais profundas. Nas palavras (tradução livre) da Sra Antoinette Sayeh "para um rápido crescimento do sector não petrolífero é preciso que as reformas em curso sejam implementadas, que se melhore o ambiente de negócios, que se promova o investimento privado e liberalização do comércio, que se desenvolva o capital humano e infraestruturas". Ela vai mais longe quando sugere que sejam priorizados os seguintes sectores: agricultura, telecomunicações e finanças.

A ideia de que o Executivo deve levar avante, simultaneamente, várias reformas para dinamizar o sector não petrolífero é problemática já que perde de vista as limitações em termos de recursos materiais e humanos. Quanto à escolha dos sectores a priorizar, ela simplesmente perde de vista a história do desenvolvimentos de muitos dos agora países ricos.

Dos sectores sugeridos, concordamos com a escolha do sector agrícola. Afinal, se olharmos para os dados oficiais vemos que a classe de bens alimentares (e bebidas não alcoólicas) tem impulsionado a alta inflação em Angola. Todavia, não se pode falar em dinamizar a agricultura sem se desenvolver um sector industrial forte capaz de fornecer equipamentos e insumos necessários para que se aumente a produtividade. Alguns passos já foram dados, falamos da fábrica de montagem de tractores, mas o modelo de negócio desta fábrica não se mostra sustentável.

Afinal, importar todos os componentes, montar com alguma mão de obra local e vender os tractores via crédito do BDA para algumas cooperativas mostra- se um negócio bastante lucrativo e quase sem risco algum.

Para este projecto podemos dizer que falta a perspicácia do Executivo para fomentar a inserção do conteúdo local via investimentos, particularmente de nacionais de forma individual ou em parcerias com estrangeiros, para produção de componentes/peças para tractores.

Notem que os futuros produtores nacionais de componentes auto poderiam, em parceria com as faculdades de engenharia nas universidades, desenvolver motores para vários equipamentos incluindo até para embarcações de pesca. É desta forma que surgem as interligações sectoriais, i.e., investimentos feitos num determinado sector levam ao surgimento de outros investimentos e competências em novos sectores.

(Leia o artigo integral na edição 660 do Expansão, de sexta-feira, dia 4 de Fevereiro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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