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Opinião

Eleições gerais (1)

EDITORIAL

Também é necessário perceber que a vida não acaba no final de Agosto e há mais coisas para lá das eleições. Em Setembro, independentemente do que acontecer, a grande maioria vai cá estar, com as mesmas funções, com as mesmas ansiedades, os mesmos sonhos e os mesmo objectivos.

Estamos a pouco mais de três meses das eleições gerais, o ambiente e a comunicação tornam-se mais agressivos, num esforço por vezes levado ao extremo, de mostrar que o meu pote é melhor que o do vizinho. Os argumentos tendem a ser pouco racionais e os excessos de linguagem acabam por gerar desconfiança. As palavras, quando repetidas demasiadas vezes, afastam, não juntam. Esse será um desafio dos principais concorrentes, saber medir o que dizer, como dizer e a quem dizer.

Uma comunicação apenas para os nossos também não é mobilizadora, até porque já se percebeu, que existe uma larga faixa de cidadãos que ainda não decidiu o que vai escolher. Um bando de pessoas que pode cair para um lado ou para outro, ou na ausência da tão falada falta de confiança por quem quer que seja, irá manter-se no caminho da abstenção. E é neste bando de cidadãos, nas suas decisões, que está a chave para abrir o mandato 2022/2027. E convém não esquecer que muitos destes de quem estou falar são também fazedores de opinião, influenciadores, representam mais de uma unidade.

Também é necessário perceber que a vida não acaba no final de Agosto e há mais coisas para lá das eleições. Em Setembro, independentemente do que acontecer, a grande maioria vai cá estar, com as mesmas funções, com as mesmas ansiedades, os mesmos sonhos e os mesmo objectivos. Possivelmente aqueles que hoje puxam a corda a ver se ela parte, terão condições para fazer asilos sabáticos em algum dos países onde têm uma casinha e uma conta bancária, mas para nós, a maioria, a vida continua e vamos continuar a fazer País.

Podemos ter ideias diferentes sobre aquilo que é melhor para nós todos, mas também só somos "nós" se formos todos. Ou seja, nunca mais vamos abrir feridas que não sabemos como fechar ou quando vão sarar. Pelo menos os da minha geração, que já viveram momentos suficientes de turbulência para dar valor à tranquilidade. Não queremos que nos empurrem, claro, mas também não vamos andar mais depressa só para verem que estamos vivos.

Existe um compromisso com o País que não deve ser apenas retórico, deve ser cultivado diariamente junto daqueles que vivem perto de nós, suportado pelas nossas acções e não apenas pelas nossas palavras. Em democracia é preciso saber perder, mas é muito mais importante saber ganhar. A arrogância, a perseguição e a intolerância pagam-se a médio prazo. Não conheço nenhum regime totalitário que tenha durado para sempre. Conheço sim poderes que duraram mais tempo, porque souberam ler os sinais das mudanças e dos tempos, reformaram-se por dentro, alteraram posturas e mantiveram-se a surfar nas ondas da vitória.