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Opinião

Funcionamento dos mercados e da economia angolana

CONVIDADO

Independentemente do cenário interno, o facto é que Angola continua a ser um país com forte dependência do contexto externo em termos económicos, isto sustentado pela fraca diversificação da sua economia.

Um dos indicadores para aferir este aspecto é a composição da sua balança comercial, que é historicamente atrelada ao sector da indústria extractiva, com maior destaque para o sector de petróleo, gás natural e diamantes.

No entanto, a balança comercial não é a maior das preocupações da conjuntura económica actual do país. Existem outros desafios, que estão ligados ao controlo da inflação, liquidez cambial e taxa de desemprego, enquanto sustenta uma política monetária restritiva, com altas taxas de juros.

De salientar, que existem motivos para preocupação e, ao mesmo tempo, alguns indícios para optimismo a respeito do futuro próximo quando analisamos a perspectiva para a economia angolana. Para uma maior visibilidade do quadro actual da economia do país precisamos considerar o cenário interno, no qual o PIB é o indicador principal.

De acordo com os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a recuperação económica vivida por Angola em 2021-2022 foi quase interrompida em 2023 por um choque duplo ocorrido no primeiro semestre do ano, com um enfraquecimento do sector petrolífero e o fim da moratória da dívida. Estima-se um crescimento de 0,9% para 2023, com uma contracção estimada do sector petrolífero de 6,1% e um crescimento dos sectores não petrolíferos menos acentuado, de 2,9%. Vale salientar, que o sector petrolífero é o que mais contribui para robustecer as contas públicas e a situação económica.

Do exposto, não seria exagero dizer que a estrutura da economia hoje não mudou muito em relação ao que sempre foi, ou seja, voltada para a importação e fortemente influenciada pela evolução do sector petrolífero.

A inflação global aumentou em 2023, para 20% em termos homólogos no final de Dezembro, influenciada pela depreciação do kwanza e por cortes nos subsídios aos combustíveis efectuados em meados de 2023.

Para conter a inflação, o Banco Nacional de Angola (BNA) tem adoptado uma política monetária restritiva, o que tem conduzido a um cenário de altas taxas de juro. Adicionalmente, com os juros mais altos, a actividade económica desacelera, já que os preços ficam mais altos e a oferta de crédito passa a ser menor.

O consumo das famílias tem desacelerado, justificado pela perda do poder de compra. Paralelamente a isto, o outro sector que poderá passar por uma situação similar é o sector empresarial privado, em que se espera uma retracção no consumo devido às restrições de crédito.

No que diz respeito ao sector do agronegócio importa salientar, que o seu funcionamento está assente em três níveis, designadamente:

(I) Primeiro nível: enquadram-se os produtores de micro, pequeno, médio ou grande porte.

(II) Segundo nível destacam-se os fornecedores de insumos, como sementes, equipamentos e maquinarias.

(II) Terceiro nível está a cadeia de distribuição, que é responsável pela distribuição da produção até ao consumidor final incluindo a rede de supermercados.

No contexto angolano, este sector tem observado um conjunto de reformas, que se consubstanciam em políticas de fomento e incentivo à produção local, dentre eles destaca-se, o plano de desenvolvimento do trigo, arroz, soja e do milho, denominado "Planagrão", que prevê produzir, a partir de 2027, seis milhões de toneladas desses cereais por ano.

De referir, que estas iniciativas de diversificação da economia, se forem bem alinhadas com as condições naturais do país, os seus solos férteis, poderá dar a possibilidade de o país extrair o máximo rendimento das suas terras cultiváveis, desta forma contribuir para a redução do custo com importação de bens alimentares de amplo consumo.

De acordo com a informação pública, o país gasta por mês cerca de 200 milhões de dólares para importar alimentos, com destaque para o arroz, açúcar, frango, trigo e o óleo alimentar. Estes números só reforçam a enorme relevância, que precisamos dar ao agronegócio, caso queiramos reverter o quadro actual e garantir a estabilidade dos preços na economia.

Apesar do ambiente favorável, as longas distâncias na distribuição da produção constituem ainda um entrave devido à qualidade das estradas. A característica da maioria dos negócios ainda é rural ou familiar, boa parte da produção nacional ainda não é suficiente para atender a procura interna.

Leia o artigo integral na edição 789 do Expansão, de sexta-feira, dia 16 de Agosto de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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