É tempo de um novo discurso
Os tempos da Guerra Fria fazem parte do passado. O conflito entre o Ocidente e o Leste Europeu teve como cenários os países menos desenvolvidos. Angola era, também, um palco apetecível dos interesses geopolíticos externos naquele período.
Hoje, não há mais dúvida de que, de lá para cá, o mundo mudou radicalmente. Tudo migrou, agora, mandam as tecnológicas e o conhecimento.
No passado, as relações internacionais, baseavam-se no militarismo dissuasor, às vezes, com particular agressividade do Norte. Aqui, no Hemisfério Sul, o Apartheid representava- -o em toda a perfeição, opulência, prepotência e petulância. Eram os tempos áureos da Guerra Fria.
No campo da materialização de tais interesses, os actores e representantes das potências comportavam-se e agiam em consonância com os ditames das circunstâncias.
No contexto actual há um espectro diferente, nos detalhes. E emerge uma relação complexa, entre o Ocidente e o Oriente, cujo objectivo é igual ao anterior. Só que agora, tudo pende, radicalmente, para o Oriente Asiático.
Nestes últimos anos, o renascimento económico prodigioso da China assusta e está a trazer nas relações internacionais um outro conflito, com intensidade diferente, mas a mesma finalidade.
Há um relacionamento em constante degradação, visível, entre Washington e Pequim, em busca de caminhos para a recuperação económica e o domínio do universo.
Ao mesmo tempo que decorre esta complexa disputa, aqui no nosso espaço geográfico, também, se desenvolvem interesses, muitas vezes ignorados.
Se no passado a disputa era aberta, objectiva e visível, nos dias que correm a movimentação política é opaca, subjectiva, invisível. Naquele tempo, houve momentos, entre nós, em que, se algum político impulsivo tossisse o resto do país prendia a respiração. Foi assim, por exemplo, no calor das eleições gerais, em 1992.
Passados todos esses anos, alguns actores políticos resolveram voltar ao passado e invocam fantasmas, com elementos perturbadores.
*Docente universitário
(Leia o artigo integral na edição 630 do Expansão, de sexta-feira, dia 25 de Junho de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)