Joana Lina fez estragos ao desconstruir a teia do lixo
A situação insustentável da recolha e tratamento do lixo na província de Luanda parece ser um cancro incurável e pode ser considerado já como um escândalo público. Ela mostra, com todas as letras, incapacidade de gestão.
O estado crítico do saneamento básico e tratamento do lixo, tal como a manutenção das estradas, das valas de drenagem e da gestão e manutenção das infra-estruturas e dos equipamentos públicos, em Luanda, não são de hoje, nem se vislumbram soluções a curto, médio ou longo prazo.
É triste verificar, e difícil de entender, que uma estrada obstruída, pelo lixo ou areia, permaneça assim tanto tempo, criando transtornos na via, na vida dos cidadãos, e sem que alguma entidade se predisponha à rápida tarefa de remoção. Não há, nestes domínios, trabalhos regulares.
Nota-se que não há definição de responsabilidades. E, por isso, a irresponsabilidade, a impunidade, o comodismo e, também, ausência de articulação entre os poderes para a solução dos problemas quotidianos.
De quem é afinal a responsabilidade de retirar o lixo e a areia arrastada pelas chuvas na via pública ou retirar árvores caídas nas estradas, bairros ou municípios? Não há uma única entidade a quem possamos atribuir tal responsabilidade. O que se nota são paliativos.
Os ensaios feitos ao longo dos anos, sobre a gestão do lixo, mostraram-se pouco robustos. Vários governadores adoptaram modelos, romperam contratos e não solucionaram o problema. O que ficou é a incapacidade de gestão dos governadores nessa matéria. Qual é, então, o problema de fundo em tudo isso? Porquê que não se colhem experiências de outras paragens, neste domínio?
Ao criar uma Comissão Interministerial para dar uma mãozinha à governadora, o Presidente João Lourenço, no fundo, deu um puxão de orelhas, mas abriu, também, questionamentos.
Conhecendo a autonomia do Governo da Província de Luanda (GPL), a decisão indicia que o chefe do Executivo não foi tido nem achado na decisão sobre o rompimento com as antigas operadoras. Se isso não ocorreu, porquê afinal esta comissão não foi constituída antes para que cobrisse o hiato entre o rompimento e a entrada em funções das novas empresas? Quaisquer respostas, quebram a reputação institucional do GPL e do governo central. Os dois não estiveram bem na fita.
*Docente universitário
(Leia o artigo integral na edição 622 do Expansão, de sexta-feira, dia 30 de Abril de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)